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Já pensou em investir numa microfranquia?

Em artigo, o consultor Marcelo Cherto fala sobre as vantagens de se investir numa microfranquia

Marcelo Cherto
Marcelo Cherto

Consultor de Franquias

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 06h06.

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Na minha opinião, uma microfranquia é uma franquia como outra qualquer, a não ser pelo volume de investimento relativamente reduzido que o franqueado precisa fazer para adquiri-la, instalá-la e colocá-la em operação. E, para alguns, também pela simplicidade de sua gestão, o que, da forma como vejo as coisas, é algo muito relativo. O que é simples para um Flávio Augusto ou um Jorge Paulo, pode ser altamente complexo para mim.

Pelos padrões atuais da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o investimento inicial deverá ser inferior a R$ 135 mil para que uma franquia seja considerada micro. É importante ressaltar que a entidade considera esse modelo de tal forma importante que, já há alguns anos, conta com uma Diretoria de Microfranquias e Novos Formatos.

Embora não tenham uma definição tão precisa, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a International Franchise Association (IFA) também deixam claro seu apreço por esse tipo de franquia, por ser uma alternativa factível para empreendedores que desejam iniciar seu próprio negócio com a segurança que uma franquia permite, mas dispõem de recursos financeiros limitados.

Há microfranquias dos segmentos mais diversos, como serviços, educação, saúde, alimentação e tecnologia. Em boa parte dos casos, elas podem funcionar a partir de casa (home-based) ou com uma estrutura física bastante reduzida. Algumas vezes, inclusive, essa estrutura é móvel, como no caso das bikes-quiosque.

No mercado brasileiro, as microfranquias vêm ganhando bastante destaque nos últimos anos, especialmente em função de nosso cenário econômico desafiador, que leva muita gente a perder o emprego ou, por algum motivo, a desistir de continuar atuando como CLT, mas nem todos dispõem de recursos financeiros abundantes, nem se sentem seguros para iniciar um negócio sem o suporte de uma franqueadora.

Já fui acusado de ser contra as microfranquias, o que evidentemente é uma bobagem, dita por quem não sabe das coisas ou não tem mais o que fazer. Sou contra - isso sim - franqueadores que pretendem usar o fato de concederem microfranquias como justificativa para não oferecerem aos respectivos franqueados o suporte de qualidade que merecem e de que necessitam.

É a velha conversa do “não espere receber suporte como se tivesse adquirido uma franquia; afinal, você investiu apenas numa microfranquia”. Como se se tratasse de uma franquia de terceira classe, ou algo assim.

No ano passado, como nos anos anteriores, o mercado brasileiro de franquias como um todo teve um crescimento expressivo, com o faturamento combinado das redes que aqui atuam atingindo o montante de R$ 246 bilhões, segundo levantamento da ABF.

As microfranquias certamente contribuíram para essa expansão, na medida em que deram condições a um número maior de pessoas de ingressar nesse mercado, inclusive em áreas geográficas e ramos menos atendidos pelas grandes redes de franquias.

Afinal, implantar uma microfranquia tem sido uma solução viável para empreendedores que buscam operar em nichos específicos, ou em regiões onde o poder aquisitivo é mais baixo, mas onde mesmo assim há demanda por produtos e serviços de qualidade. Além disso, a digitalização dos negócios em geral e o crescimento das operações home-based, especialmente na fase da pandemia de Covid-19, aceleraram ainda mais o crescimento da categoria.

Da mesma forma como devem fazer os interessados em investir numa franquia de maior porte, qualquer um que pretenda adquirir uma microfranquia precisa adotar uma série de cuidados, para não cair em armadilhas e garantir que sua decisão seja financeiramente sólida e alinhada aos seus objetivos pessoais e profissionais.

Entre os passos mais relevantes, destaco a necessidade de avaliar se a demanda pelos produtos ou serviços que, como franqueado, a pessoa irá oferecer existe e está em crescimento ou em queda. Especialmente na região onde pretende atuar. Existem concorrentes diretos instalados no território em vista? Como anda o desempenho deles? É possível obter muitas informações observando esses negócios e conversando com quem trabalha neles. Muitas vezes, com o próprio dono.

Outro ponto crítico é uma avaliação do suporte oferecido pelo franqueador. Ele garante treinamento adequado? Apoia seus franqueados na fase de implantação e início da operação? Depois, fornece apoio e orientação contínuos em áreas como marketing, vendas e gestão? Afinal, contar com um suporte de bom nível pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso.

O melhor jeito de avaliar a qualidade desse suporte é conversar com vários dos franqueados atuais da rede. E, se possível, também com ex-franqueados. E saber deles como foi seu percurso até aqui e se a empresa franqueadora de fato entrega tudo o que promete. Afinal, como dizem os italianos, “trai l dire e il fare c’è di mezzo il mare” (numa tradução mais ou menos livre, entre dizer que vai fazer e de fato fazer, há um oceano).

Evidentemente, há de se considerar o lado legal do negócio (Circular de Oferta de Franquia, Contrato de Franquia e demais instrumentos legais) e, para isso, recomendo fortemente contar com a orientação de um advogado que entenda de franquias. E é óbvio que é importante também analisar o aspecto financeiro da coisa toda. Afinal, quem investe numa franquia, seja micro ou macro, não o faz por caridade, nem pelos belos olhos de quem quer que seja, mas sim para ter uma renda e criar um ativo minimamente vendável.

Com uma preparação adequada, investir na aquisição de uma microfranquia pode ser o primeiro passo rumo a uma trajetória empresarial de sucesso. O que é bom para quem investe e também para o país. Afinal, como eu sempre digo e repito, estou cada vez mais convencido de que só o empreendedorismo salva o Brasil.

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