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Itaúsa vai captar R$ 1,8 bi para compor o pagamento da Alpargatas

Setubal reiterou que a empresa vai vender toda a participação que possui na Oki Brasil, empresa de automação bancária

Captação: vai ocorrer em três séries, com distribuição com esforços restritos de colocação (Nacho Doce/Reuters)

Captação: vai ocorrer em três séries, com distribuição com esforços restritos de colocação (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de julho de 2017 às 14h29.

São Paulo - O presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, afirmou que a taxa das notas promissórias que a holding vai emitir para fazer o pagamento da Alpargatas será equivalente à das debêntures ofertadas para a aquisição da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), de 107% do CDI. A empresa vai captar um total de R$ 1,8 bilhão em três séries, com distribuição com esforços restritos de colocação.

Serão emitidas até 180 notas promissórias, sendo até 60 de cada série, com valor unitário de R$ 10 milhões. Os títulos não serão atualizados monetariamente e pagarão 106% dos DI - Depósitos Interfinanceiros de um dia para as notas promissórias da primeira série; 107% para as da segunda e 108% para a terceira série. O prazo de vencimento será de cinco, seis e sete anos, conforme Setubal.

Ele disse ainda que para complementar a emissão de dívida, a Itaúsa pretende fazer pequenas chamadas de capital como já vem realizando nos últimos anos. Descartou, contudo, mudanças na prática de distribuição de dividendos da holding. Segundo Setubal, à medida que o endividamento contraído pela Itaúsa por conta do investimento na Alpargatas reduzir, a expectativa é de que o retorno melhore.

Sobre a diferença do preço da ação da holding e do Itaú Unibanco, o executivo afirmou que, no tempo, essa distância deve voltar ao patamar habitual. "Muitos investidores veem a Itaúsa como uma forma mais barata de comprar ações do banco. Isso nos incomoda. No tempo, investidores vão ver que investimentos novos vão dar retornos muito bons e equivalentes aos do banco", acrescentou Setubal, em teleconferência com analistas e investidores, realizada nesta sexta-feira, 14.

Estrutura de capital

Setubal afirmou que não vê necessidade de alterar a atual estrutura de capital da Alpargatas, cujo controle foi adquirido pela holding em conjunto com os fundos BW e Cambuhy, da família Moreira Salles. "A Alpargatas é pouco endividada. Não vemos necessidade de mudança na estrutura de capital da companhia", destacou ele.

Dentre as oportunidades que a Itaúsa vê para a Alpargatas, o executivo citou a aceleração do crescimento nos principais mercados internacionais, bem como a expansão em países intertropicais, com elevada população. Afirmou ainda que vê possibilidade de a marca Havaianas aumentar sua presença nos Estados Unidos e ainda a expansão para outras categorias "não sandálias".

Em relação ao Brasil, Setubal destacou que há espaço para que a Alpargatas não só mantenha o status de liderança no País bem como aumente seu market share, aprimorando a experiência da marca.

"A Alpargatas é a maior empresa de calçados, com mais de cem anos de existência no Brasil e reúne marcas muito reconhecidas e desejadas pelos consumidores, como Havaianas, Osklen e Mizuno. No caso da Havaianas, é a marca brasileira mais conhecida no exterior e tem presença global", disse Setubal.

Diversificação de portfólio

Setubal reiterou que a empresa vai vender toda a participação que possui na Oki Brasil, empresa de automação bancária. Segundo ele, a fatia já reduziu de 30% para cerca de 11%.

A participação da Itaúsa na Oki se deu por conta da Itautec, empresa de tecnologia do Itaú Unibanco. O grupo foi criado há mais de três décadas e, em 2013, o banco vendeu o seu controle para a Oki Brasil.

Setubal lembrou ainda do investimento que a Itaúsa fez na Nova Transportadora do Sudeste (NTS), que comprou da Petrobras em um consórcio liderado pela Brookfield. Segundo ele, a holding já recebeu R$ 60 milhões em dividendos da empresa. "O investimento já está contabilizado e rendendo. Fizemos emissão de debêntures para fazer financiamento da operação", explicou ele.

O executivo reforçou que o foco da Itaúsa é diversificar seu portfólio de investimentos com ativos de setores que representem baixo risco de execução. Lembrou ainda que esse processo teve início em 2014, justamente com a venda de determinadas operações da Itautec e, mais recentemente, com a aquisição de 7,68% do capital social da NTS.

"Não queremos startups, mas empresas consolidadas e maduras, com baixo risco regulatório, resultados, rentabilidade adequada ou que possa ser melhorada numa nova gestão", detalhou Setubal.

No âmbito do seu processo de diversificação de portfólio, o Itaú Unibanco, após os investimentos na NTS e depois da conclusão da operação da Alpargatas, representará 94,2% do portfólio da holding ante fatia de 97,7% ao final de dezembro último. Em seguida, virá Duratex, com 2,1%, ante 1,9%. Já a Alpargatas representará 1,9% do portfólio da Itaúsa e a NTS, 1,5%. Com menores pesos, estão Elekeiroz e Itautec, com 0,2% cada.

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