O presidente do Itaú, Roberto Setubal, elogiou a escolha da equipe econômica de Dilma (Raul Junior/EXAME)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 18h25.
Rio de Janeiro - O mercado bancário ainda enfrenta empecilhos e dificuldades para entrar no crédito de longo prazo, avalia o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal.
Segundo ele, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) --principal concessor de empréstimos de longo prazo no Brasil-- tem liquidez e uma carteira de crédito fixo muito maior e estável que os bancos privados, cujos saques das contas podem ser feitos diariamente.
"Os bancos não têm o 'funding', os recursos para fazer isso a longo prazo. Não temos recursos estáveis como o BNDES tem", afirmou Setubal a jornalistas nesta quarta-feira.
"Se tivéssemos o mesmo 'funding' do BNDES, que tem recursos oficiais, a gente teria obviamente condições de fazer o repasse. Nosso problema é que os depósitos dos clientes têm liquidez e isso gera dificuldade para o empréstimo no longo prazo. Precisamos criar instrumentos que possam dar recursos aos bancos", acrescentou o executivo após evento da Câmara de Comércio França-Brasil.
Entre as medidas em estudo pelo governo para estimular a oferta de crédito de longo prazo pelo setor bancário está a desoneração de impostos e tributos cobrados sobre os bancos privados.
"Criar um mercado secundário de títulos é importante. Na medida que se cria e os bancos emitam títulos de longo prazo, o investidor não vai ficar obrigatoriamente nesse longo prazo. É importante criar um mercado que tenha negociação de forma organizada para os papéis de longo prazo. É preciso um mercado ativo", acrescentou Setubal.
Equipe econômica de Dilma
O presidente do Itaú Unibanco elogiou a escolha da equipe econômica da presidente eleita Dilma Rousseff e afirmou que o time escalado tem todas as condições de manter o país na trajetória de crescimento econômico sustentável.
"Juros menores são muito bem-vindos desde que sejam sustentáveis... O que os bancos não gostam são juros que sobem e descem, oscilam muito, porque criam dificuldades para os clientes e empresas, atrapalham o planejamento", afirmou Setubal ao ser questionado sobre o perfil mais desenvolvimentista da equipe econômica escolhida por Dilma.