Itaú (Sergio Moraes/Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 30 de julho de 2019 às 12h18.
Última atualização em 30 de julho de 2019 às 12h23.
Em meio à transformação digital dos negócios de bancos, Itaú Unibanco e Banco do Brasil anunciaram na segunda-feira, 29, um plano de desligamento voluntário para seus funcionários.
O plano do Itaú é o primeiro programa do tipo desde 2009, e foi divulgado junto aos resultados financeiros do segundo trimestre. O banco não informou quantos funcionários espera alcançar com o plano de desligamento, mas o presidente do banco, Cândido Bracher, informou que cerca de 6.900 pessoas estão aptas a participar do programa.
"Como o último PDV ocorreu há 10 anos, não temos base estatística para projetar quantos devem optar pelo programa", informou o executivo em teleconferência com a imprensa nesta terça-feira, 30. "Esse programa tem o objetivo de dar a oportunidade de uma transição de carreira segura para quem tem interesse em deixar a empresa e para adequar suas estruturas à realidade do mercado, beneficiando colaboradores que se enquadram em alguns pré-requisitos", informou o banco em comunicado.
O Itaú Unibanco terminou junho com 98.446 funcionários no mundo, uma queda de cerca de 1,5% sobre um ano antes, e 85.161 funcionários no Brasil.
Além das demissões voluntárias, o banco também anunciou o fechamento de mais de 200 agências em todo o Brasil. No segundo semestre, o fechamento dos pontos deve se manter, mas não deve ser maior do que anunciado até agora.
De acordo com o presidente, as mudanças são reflexo da diminuição da necessidade dos clientes de se dirigirem a agências físicas, com o aumento da digitalização de serviços. O executivo destacou que mais de um milhão de contas já foram abertas pelos canais digitais, é possível fazer operações de câmbio pelo aplicativo e há tecnologia de reconhecimento facial para diversos serviços. "A digitalização tem diminuído a busca de clientes pelas agências e ainda temos pontos muito próximos, resultado de fusões", disse ele.
A abertura de contas nas agências físicas ainda é maior, uma vez que já que elas são responsáveis por abrir as contas de pagamentos de empresas. Já a abertura de contas de clientes que entram na agência por conta própria é comparável à abertura pelos canais digitais, cerca de 70 mil por mês.
O Itaú Unibanco teve alta de 10,2% no lucro do segundo trimestre, a 7,034 bilhões de reais, apoiado em crescimento da carteira de crédito e ganhos com operações de tesouraria.
O Banco do Brasil, por sua vez, disse por meio de fato relevante na segunda-feira, 29, que vai lançar uma reorganização institucional que vai um "Programa de Adequação de Quadros".
O Banco do Brasil já havia feito seu último plano de desligamentos no ano passado, reduzindo o quadro em 2.195 funcionários. O banco terminou 2018 com 101.000 colaboradores.
Assim como no Itaú, o objetivo é adequar vagas em excesso em algumas unidades. Funcionários de unidades consideradas com excesso de vagas poderão aderir ao desligamento ou pedir transferência para outras unidades, e a adesão ao plano pode ser a partir desta terça-feira, 30.
A reestruturação também inclui ainda transformar 333 agências em postos de atendimento, e 49 postos de atendimento em agências. Até outubro, o BB também vai criar 42 novas agências dedicadas a empresas. A medida, segundo o Banco do Brasil, se dá em um contexto em que 80% das transações já são feitas por celular ou internet.
O Banco do Brasil afirma que não tem objetivo de reduzir seu quadro de funcionários, mas adequá-lo às novas demandas do banco, e, portanto, assim como no Itaú, não há meta de desligamentos.
"O Banco do Brasil reitera que estas e outras iniciativas se alinham ao propósito de ampliar a competitividade, por meio da transformação digital e do dinamismo do modelo de atendimento e relacionamento", disse em comunicado o vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo.