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Itapeva avalia usar base de adimplentes para expandir negócios

Empresa se especializou na compra de carteiras de crédito vencido, especialmente as de grandes bancos para pessoas físicas

Inadimplência: Na grande maioria dos casos, o principal argumento dos devedores para não pagar é o desemprego (Reprodução/Getty Images)

Inadimplência: Na grande maioria dos casos, o principal argumento dos devedores para não pagar é o desemprego (Reprodução/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 5 de setembro de 2018 às 14h41.

São Paulo - A Itapeva, empresa de recuperação de crédito da RCB, está avaliando usar dados da sua base de clientes para ampliar as linhas de receitas, enquanto não há um horizonte visível de melhora do cenário econômico, disse o sócio da companhia Alexandre Nobre.

Uma das maiores empresas do setor no país, com uma base de cerca de 10 milhões de CPFs, a Itapeva se especializou na compra de carteiras de crédito vencido, especialmente as de grandes bancos para pessoas físicas.

Segundo o executivo, quase 10 por cento da base de devedores com os quais já trabalhou é composta de pessoas que fizeram um plano de pagamentos com a Itapeva e o honraram até o fim.

"Boa parte dessas pessoas está negativada nos bancos, sem acesso a mais crédito", disse Nobre à Reuters. "E esse público mostrou uma capacidade extraordinária de honrar dívidas, porque fez isso num período de estresse, com alto índice de desemprego".

Entre as alternativas em estudo pela Itapeva estão a possível montagem de relatórios sobre essa base de adimplentes para potenciais instituições que concedem financiamentos ou até constituir um braço próprio, como uma fintech de crédito.

"Estamos estudando alternativas para gerar valor para essa base", disse Nobre.

O movimento acontece no momento em que as empresas de recuperação de crédito enfrentam os efeitos de um período prolongado de baixa atividade econômica do país.

Após a forte recessão em 2015 e em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu menos de 1 por cento no ano passado. E a expectativa mediana mais recente dos economistas consultados pelo Banco Central é de alta de 1,44 por cento em 2018 e de avanço de 2,5 por cento no ano que vem.

Esse cenário é bastante adverso para as instituições de recuperação de crédito, que aproveitam os ciclos de baixa da economia para comprar carteiras de crédito inadimplente, apostando que uma retomada subsequente aumente a capacidade de pagamento dos devedores.

"Com um ciclo mais longo de economia em ritmo fraco, a capacidade de pagamento dos devedores não tem melhorado", disse Nobre. Segundo ele, o percentual de recuperação do crédito caiu em média 20 por cento no Brasil desde 2015.

Na grande maioria dos casos, o principal argumento dos devedores para não pagar é o desemprego. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no país foi de 12,3 por cento no trimestre até julho.

Com isso, as empresas de recuperação têm oferecido pagar menos pelas carteiras de créditos podres, disse Nobre. Os bancos, por sua vez, têm preferido ser conservadores na concessão de novos financiamentos, com foco em linhas mais conservadoras, como consignado e imobiliário.

Diante desse quadro, a RCB têm buscado alternativas para diversificar as fontes de receitas. Além dos estudos para tentar rentabilizar sua base de dados, a empresa também iniciou uma fase de internacionalização.

Neste ano, o grupo fez sua estreia na Colômbia, comprando três carteiras em conjunto com sua sócia norte-americana PRA Group. Outras operações naquele mercado estão em estudo, mas a entrada em novos mercados, ainda não.

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