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Irmãos bilionários Pritzker transformam brigas em negócios

Após batalha legal que rompeu império familiar, Anthony e Jay Robert Pritzker dizem que estão prontos para investir a herança

Penny Pritzker: Anthony e Jay Robert Pritzker se uniram contra a irmã e dois primos em uma batalha que distribuiu pelo menos US$ 1,35 bilhão para 11 membros da família (Kristoffer Tripplaar-Pool/Getty Images)

Penny Pritzker: Anthony e Jay Robert Pritzker se uniram contra a irmã e dois primos em uma batalha que distribuiu pelo menos US$ 1,35 bilhão para 11 membros da família (Kristoffer Tripplaar-Pool/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2013 às 16h22.

Los Angeles - Anthony e Jay Robert Pritzker, irmãos e herdeiros de uma fortuna industrial criada com a Hyatt Hotels Corp. e a Marmon Holdings Inc., se acostumaram às saladas e aos sanduíches em seu escritório no 40º andar em West Loop, Chicago. Há uma década, a dupla se aliou a membros da família que se uniram contra a irmã Penny, que é secretária de comércio do presidente dos EUA, Barack Obama, e dois primos.

A batalha legal rompeu o império familiar e distribuiu pelo menos US$ 1,35 bilhão para cada um de 11 primos. Agora, os irmãos dizem que a discórdia ficou para trás, informará a revista Bloomberg Markets em seu December Billionaires Issue. Eles estão prontos para falar a respeito de investir a herança em empresas como uma distribuidora de produtos de limpeza e uma fabricante de aparelhos de circuncisão -- mistura bastante parecida com a que o pai e os tios fizeram.

“Nossa família alienou uma porção de ativos ao longo de dez anos, até 2011”, lembra Jay Robert, 48, que atende por JB e vem investindo desde 1996. “Nós temos pegado o dinheiro e essencialmente temos estado em um processo de investir esse dinheiro”.

O irmão mais velho Tony se uniu a ele em 2002 depois que as brigas internas da família colocaram em marcha uma década de liquidações de ativos.

“Nós poderíamos passar os próximos dez anos trabalhando com a família para dividir o negócio”, relembra Tony, 52. “Ou poderíamos passar os próximos dez anos construindo nosso próprio negócio”.

Planos de expansão

A divisão foi concluída dois anos atrás e o Pritzker Group, com sede em Chicago, está se expandindo. Os irmãos contrataram no ano passado Paul Carbone, da Robert W. Baird Co., com sede em Milwaukee, como sócio-gerente. Lá ele gerenciava fundos de private-equity que totalizavam US$ 2,8 bilhões.


Eles querem investir pelo menos US$ 1,25 bilhão ao longo de quatro a cinco anos em empresas envolvidas em cuidados com a saúde, produtos manufaturados e serviços variados avaliados em uma gama de US$ 100 milhões a US$ 500 milhões. Essas aquisições aumentariam os mais de US$ 1 bilhão em investimentos em private-equity e US$ 350 milhões em 48 participações em empresas de capital de risco que JB começou a acumular 17 anos atrás.

Tony diz que o Pritzker Group, composto por 55 pessoas, gerou uma taxa interna de retorno de 28,7 por cento entre 2007 e 2012 -- investindo a longo prazo em negócios familiares e empreendedores. Das oito empresas que a dupla adquiriu desde 2004, apenas uma foi vendida.

Ambições de classe mundial

“Nós percebemos que estamos indo realmente bem”, disse Tony, de Los Angeles, onde ele vive com sua mulher e sete filhos em uma mansão de 4.580 metros quadrados com vistas para a Baía de Santa Monica e para o centro. “Nós queríamos ser de classe mundial”.

Os irmãos investiram na loja online TicketsNow.com Inc., que a IAC/InterActiveCorp, de Barry Diller, comprou por US$ 265 milhões em 2008. Eles também financiaram a Playdom Inc., uma fabricante de jogos que a Walt Disney Co. adquiriu em 2010 por US$ 563 milhões, além de até US$ 200 milhões em pagamentos baseados em desempenho.

Com seus gostos ecléticos, os irmãos da quarta geração estão de muitas maneiras reprisando a Marmon Holdings -- a principal fonte do dinheiro que os 11 primos mantêm em produção de filmes e hotéis butique. Seu falecido pai, Donald, e seus irmãos, Jay e Robert, lideraram a terceira geração da família. Robert, o irmão do meio, formou a Marmon em uma miscelânea de 125 empresas.

Tony e JB se uniram a uma aliança de sete primos formada em 2000 e dividiram o império. Eles acusaram Penny e os primos Thomas e Nicholas de pagarem a si mesmos muito para gerenciar a coleção de empresas Pritzker e mover ativos para seus próprios fundos fiduciários. A briga tornou-se pública quando outra prima da quarta geração, Liesel Pritzker, filha do segundo casamento de Robert, processou o pai em 2002 alegando que ele havia drenado suas contas fiduciárias.


Compras de Buffett

Robert negou, em documentos judiciários, que tenha feito algo errado. Thomas, Penny e Nicholas fizeram o mesmo. Para evitar uma briga judicial, a família entrou em um acordo antes por uma reestruturação de dez anos.

A Marmon foi vendida aos pedaços, a partir de 2007, para a Berkshire Hathaway Inc., de Warren Buffett, que havia pago US$ 6,2 bilhões por 92 por cento até 30 de junho e planejava comprar o resto até o final de março de 2014. A família tornou a Hyatt pública em 2009.

Ao trilharem caminhos diferentes -- alguns cordialmente e outros pouco falando entre si --, a quarta geração de hoje da Pritzkers está na mesma liga de 90 por cento das famílias ricas, que se desmoronam na terceira geração, segundo o Family Firm Institute Inc., um grupo comercial com sede em Boston.

“A riqueza é apenas um amplificador”, diz Sara Hamilton, fundadora e CEO do Family Office Exchange, um grupo com fins lucrativos de informação e consultoria, com sede em Chicago. “Se as coisas vão bem, eles ficam melhor. E se elas vão mal, eles ficam muito pior”.

JB diz que o grupo Pritzker tem uma vantagem em aquisições de private-equity porque os irmãos conhecem os desafios das empresas familiares por crescerem mergulhados nelas e gerenciar parentes ao seu lado.

“Nós pensamos em nós mesmos como se tivéssemos um parentesco com a família e com proprietários empreendedores”, disse ele, acrescentando que eles encontraram muitos proprietários preocupados em preservar a cultura de sua empresa ou manter contribuições para a caridade.

Desentendimento

O discurso orientado à família de JB ressoou de primeira em Walter “Terry” Lutz Jr. Ele vendeu sua empresa metalúrgica Signicast Corp., com sede em Hartford, Wisconsin, em 2008 para os irmãos por uma quantia não revelada, apesar de eles não terem feito a maior oferta.


“Nós buscávamos um comprador por gerações, alguém que compraria a empresa buscando crescimento de longo prazo”, diz Lutz, 72, que começou como gerente-geral da Signicast em 1974 e a comprou em 1981. Lutz diz que ele acreditava que os Pritzkers manteriam a cultura empresarial que ele havia construído.

A boa vontade não durou. Lutz e Tony Pritzker tiveram um desentendimento sobre se o novo CEO da Signicast deveria ser um candidato interno, como preferia Lutz.

Embora os Pritzkers mais tarde tenham concordado em promover alguém de dentro, Lutz revelou detalhes a respeito da discordância em um livro que ele publicou em fevereiro, chamado “In Pursuit of Manufacturing Excellence: The Signicast Story”.

‘Ficando cansado’

À medida que os irmãos se expandem, seus novos contratados compartilham um desdém pela constante arrecadação de recursos, vendas rápidas e atendimento a investidores de fora, que caracterizam a maior parte do trabalho em private-equity.

“Eu estava ficando cansado das formas tradicionais de private equity, de vender meus vencedores e todas as restrições de uma sociedade limitada”, diz Carbone, o novo sócio-gerente.

O desafio para Tony e JB é transformar esse clamor em investimentos lucrativos mostrando que sua promessa de manter a cultura familiar e empresarial pode construir empresas -- mesmo que sua própria família tenha tido menos sucesso em manter unida uma dinastia de bilionários.

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