Contrato com a Boeing elimina um grande obstáculo técnico para implementação do pacto de reabertura de mercado (Paul J. Richards)
Reuters
Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 14h58.
Paris /Dubai - O Irã assinou no domingo um acordo de 16,6 bilhões de dólares para compra de 80 jatos de passageiros da Boeing e está perto de adquirir outras dezenas de aeronaves da Airbus para concluir o que seria o maior contrato com empresas ocidentais desde a revolução Islâmica de 1979.
O acordo entre a IranAir e a fabricante norte-americana de aviões Boeing inclui 50 unidades do 737 MAX e 30 do modelo 777, sendo 15 do 777-300ER e 15 do 777-9, ainda em desenvolvimento.
Uma autoridade iraniana disse à Reuters que a IranAir também está em "estágio final" de formalizar um acordo com a europeia Airbus, o que levou empresas ocidentais a correr para o Irã com um acordo preliminar envolvendo 118 aviões assim que as sanções contra Teerã foram revogadas, em janeiro.
O contrato com a Airbus, que deve incluir um primeiro lote de 50 a 60 jatos, tende a ser concluído nos próximos dias, de acordo com a autoridade.
Também no processo de fechar um acordo para renovação da frota do Irã, mantida com peças improvisadas ou contrabandeadas após décadas de sanções, a fabricante europeia de turbopropulsores ATR afirmou ter recebido a autorização norte-americana que precisava para finalizar a venda de até 40 aeronaves.
O contrato com a Boeing, o maior entre Irã e Estados Unidos desde a queda do xá, elimina um grande obstáculo técnico para implementação do pacto do ano passado entre o país e as potências mundiais para reabertura do comércio em troca de restrições às atividades nucleares iranianas.
Contudo, a oposição política ainda pode ameaçar o acordo, que daria impulso às encomendas da Boeing após a empresa ter ficado por um ano atrás da rival Airbus.
Republicanos no Congresso estão tentando barrar o acordo nuclear do ano passado. Em novembro, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um projeto de lei que busca restringir transações financeiros de bancos norte-americanos, em um esforço para impedir a venda de jatos de passageiros para o Irã.
A autoridade iraniana informou que o acordo com a Boeing estava parcialmente sujeito mais acordos de financiamento, mas acrescentou que o dinheiro envolvido na transação não passaria pelo sistema financeiro norte-americano.
Fontes do setor financeiro disseram que a Boeing tem um plano de financiamento para 15 jatos 777-300ER, que devem ser entregues a partir de 2018, mas o restante da operação pode ter que ser renegociada.
O acordo de domingo também pode testar as relações entre o principal exportador norte-americano e o presidente eleito Donald Trump, dias após ele ter se queixado sobre o custo de novos jatos Boeing "Air Force One".