Ray Chalub, do banco Inter: "Somos uma empresa de tecnologia com uma licença bancária” (Banco Inter/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 8 de abril de 2020 às 17h31.
Última atualização em 8 de abril de 2020 às 18h35.
Em tempos de crise, é comum faltar dinheiro no fim do mês, e, para esses momentos, o cartão de crédito pode ser um grande aliado — desde que as faturas não se tornem um redemoinho de juros. O cartão físico serve para muitas coisas, como pagar por serviços e produtos no comércio, mas não pode ser usado para quitar uma dívida com outras pessoas, por exemplo. Isso era verdade até agora. O banco Inter vai lançar no terceiro trimestre dentro do Interpay um sistema de transações com cartão presente sem a utilização de maquininha, cuja grande novidade é que as pessoas físicas vão poder pagar umas às outras com cartão de crédito.
"Isso pode ajudar muita gente”, antecipou Ray Chalub, diretor de conta digital e de meios de pagamento do banco, à EXAME. A princípio, apenas cartões das bandeiras Visa e Mastercard com sistema de pagamento por aproximação (NFC, na sigla em inglês) poderão ser transacionados pelo aplicativo do Inter que pode ser acessado de dispositivos digitais, como Samsung Pay e Apple Pay.
O projeto começou a ser desenhado em 2017, mas, na época, a instituição não oferecia ainda carteiras digitais nem cartões com NFC. “Achamos que existe um mercado enorme a ser explorado. Cerca de 40 milhões de pessoas no Brasil não têm conta em banco, e essa pode ser a porta de entrada para eles”, afirma.
Também significa uma alternativa mais barata para pequenos empreendedores que precisam cortar custos em meio à crise. E claro que para o banco representa uma oportunidade para atrair novos clientes que hoje somam 5 milhões de correntistas. “Somos uma empresa de tecnologia com uma licença bancária.”
Isso pode ser importante em um momento em que nem mesmo a indústria de meios de pagamento está imune à pandemia do novo coronavírus. A expectativa é que o faturamento global do setor caia entre 8% e 10% em 2020, o que representa um recuo de 165 bilhões a 210 bilhões de dólares. A queda é comparável à da crise financeira de 2008, quando houve uma contração de 10%, de acordo com levantamento realizado pela consultoria McKinsey.
Se as projeções se confirmarem, o faturamento da indústria neste ano deve alcançar algo entre 1,86 trilhão e 1,90 trilhão de dólares — bem abaixo da estimativa anterior à disseminação da covid-19 que previa alta de 6%, para 2,2 trilhões de dólares, em 2020. Para não ser vítima da pandemia, bancos, credenciadoras de cartões e bandeiras têm de se reinventar para entregar soluções que podem fazer a diferença na vida dos clientes. Talvez, a tecnologia seja o remédio que eles precisam.