Petrobras: empresa fechou o ano de 2017 com uma relação Dívida/Ebitda Ajustado de 3,7 vezes (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de março de 2018 às 18h50.
Última atualização em 27 de março de 2018 às 18h51.
Rio - Nos primeiros meses deste ano, o mercado de combustíveis está favorável à Petrobras, segundo o presidente da empresa, Pedro Parente, em palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). No evento, ele apresenta a empresários o plano de negócios de 2017 a 2022.
Segundo Parente, a perspectiva é de recuperação do mercado de óleo diesel, principalmente. No ano passado, a companhia perdeu participação de mercado, por conta da concorrência com importadores.
O presidente da Petrobras reafirmou as condições favoráveis do caixa da empresa, mesmo com o pagamento de R$ 11 bilhões para encerrar ação coletiva de investidores (Class action) na Justiça dos Estados Unidos. Se o preço do barril do petróleo se mantiver no patamar atual, de US$ 70 no mercado spot, a estatal conseguirá chegar a dezembro com endividamento equivalente a 2 vezes o Ebitda Ajustado.
A empresa fechou o ano de 2017 com uma relação Dívida/Ebitda Ajustado de 3,7 vezes. Não fosse o pagamento de indenização a acionistas norte-americanos, a relação seria de 3,2 vezes.
De qualquer forma, Parente afirma que a meta para o ano está mantida. Segundo o executivo, a dívida não será superior a 2,5 vezes a geração de caixa. "Já temos uma perspectiva de caixa muito melhor do que em 2015", afirmou.
Parente ainda destacou que o pré-sal continua sendo o foco do interesse da companhia, porque possui rentabilidade muito superior à do pós-sal.
Ele ainda comentou a decisão do governo de definir conteúdo local mínimo de 25% para qualquer projeto de exploração e produção de petróleo e gás. A proposta será encaminhada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). "Achamos que não é o que desejávamos. Mas chegamos a um entendimento. É positivo para a indústria como um todo", disse.
O presidente da Petrobras
Parente comparou a estatal a um transatlântico, porque, em sua opinião, qualquer administração, em qualquer governo, vai ter dificuldade de promover mudanças bruscas no plano estratégico da companhia.
"Mudanças bruscas num planejamento estratégico como o da Petrobras podem ter consequências sérias. Então, não acredito em mudanças bruscas. Garantia de que não vai haver mudança (pós-eleições) é impossível. O que podemos trabalhar é de maneira indireta", afirmou Parente sobre uma possível alteração do perfil do governo, acionista majoritário da petroleira.
Ele ainda informou que, a partir do dia 15 de maio, a Petrobras vai alterar suas regras de contratação para se adequar à Lei das Estatais.
"Temos a visão de que existem aperfeiçoamentos importantes, mas também complexidades. Temos que trabalhar muito bem a previsão interna de cada contrato, porque não poderemos contratar por mais que a previsão", disse o executivo.
Ele ainda acrescentou que a alteração das regras de contratação é importante para a Petrobras porque, ao atender à Lei das Estatais, a empresa vai encerrar uma velha discussão com o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a liberdade dada à empresa de comprar bens e serviços sem seguir a Lei das Licitações, a 8.666.
O presidente da Petrobras criticou a posição de deputados estaduais do Rio de Janeiro que pedem uma adoção diferenciada do regime especial aduaneiro de isenção na importação de equipamentos para o setor petróleo, o Repetro. O Congresso aprovou a isenção para as fases de exploração e desenvolvimento de cada projeto, enquanto as plataformas não estão em plena operação e, portanto, ainda não geram caixa.
Mas a Assembleia do Rio de Janeiro (Alerj) avalia cobrar imposto de importação ainda na fase de desenvolvimento e isentar as empresas de pagamento apenas na exploração.
As petroleiras, inclusive a Petrobras, têm argumentado que a mudança proposta pelo Rio tornará os projetos mais caros e que, com isso, a tendência é que os blocos localizados no Estado sejam menos atrativos do que os de outros Estado e mesmo países.
"A concorrência não se dá só com São Paulo (que, assim como o Rio, também tem pré-sal). Empresas podem investir em outras áreas quase tão boas quanto o pré-sal. Se a Petrobras é brasileira e vai pensar sempre no seu País, outras empresas podem sim deixar o Brasil. Taxar investimento é uma das coisas mais irracionais que pode existir", afirmou Parente.
A visão do presidente da Petrobras é que a proposta de deputados estaduais para o Repetro "é contrária aos interesses do Rio de Janeiro e sua economia".