Aviação: toda viagem será neutra em carbono até 2050. Pelo menos, esta é a promessa das companhias aéreas (Jaromir Chalabala / EyeEm/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2022 às 14h00.
Última atualização em 6 de outubro de 2022 às 14h12.
Nos próximos anos, devemos acompanhar uma série de ações das companhias aéreas para reduzir sua pegada de carbono. Afinal, voar de maneira mais sustentável não é uma opção: é um compromisso que foi assumido pela indústria global de aviação.
As quase 300 companhias que integram a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), que representa 83% do tráfego aéreo mundial, aprovaram no fim do ano passado uma resolução para que o setor reduza gradualmente as emissões de carbono e alcance emissões líquidas zero até 2050.
A aviação é responsável por 3,5% – e não 2%, como se pensava – do impacto humano sobre o clima, segundo um estudo de cinco anos liderado pela Manchester Metropolitan University, do Reino Unido, em colaboração com várias instituições acadêmicas e de pesquisa do mundo todo.
Chegar a emissões líquidas zero será um desafio e tanto, ainda mais com a projeção de que em 2050 a demanda seja de 10 bilhões de passageiros por ano. Mas, se a meta for alcançada, evitará a emissão de 21,2 gigatoneladas de CO2 nas próximas três décadas.
Para isso, o setor terá que tornar mais eficientes aeronaves, operações e infraestrutura, desenvolver novas tecnologias de propulsão, definir mecanismos de compensação – quando a emissão for inevitável – e, principalmente, utilizar combustíveis sustentáveis, denominados SAF (Sustainable Aviation Fuels), fator que diminuiria 65% das emissões de acordo com os planos da IATA.
Antes, porém, todas as companhias terão que cumprir uma resolução da International Civil Aviation Organization (Icao), das Nações Unidas, que determina que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) se mantenham nos níveis de 2019. Assim, qualquer crescimento de 2020 em diante precisa ser neutro.
Para se ter uma amostra do quanto a aviação comercial tem se movimentando nesse sentido aqui no Brasil, reunimos as principais iniciativas anunciadas nas plataformas digitais de três empresas: Azul, Gol e Latam.
A companhia está trabalhando para alcançar a neutralidade na emissão de carbono em 2045, cinco anos antes da meta global. Para isso, tem concentrado seus esforços na redução das emissões de GEE e na eficiência operacional.
Uma das principais ações é a constante renovação da frota, com aeronaves de última geração, mais eficientes no uso de combustíveis. A estratégia prevê ainda aeronaves totalmente elétricas a partir de 2025, com emissão zero de carbono, e tecnologias inovadoras como hidrogênio e biocombustíveis non-drop-in (que podem ser misturados a querosene de aviação).
Segundo a empresa, a Azul tem a frota mais jovem do Brasil, com idade média dos aviões de 6,6 anos. Em 2021, 60% das aeronaves eram de nova geração e o plano é atingir 83% no ano que vem e 100% em 2026.
Outras medidas da Azul para reduzir as emissões de sua operação:
Segundo a Gol, seus esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa incluem o aumento da eficiência no consumo de combustível, o desenho inteligente de malha aérea, avanços tecnológicos, melhorias operacionais e contribuição na cadeia de combustíveis alternativos.
A companhia foi a primeira do setor na América Latina a estabelecer o compromisso público de zerar suas emissões de CO2 até 2050 e também foi pioneira no lançamento de uma rota 100% carbono neutro no Brasil, de Recife-Fernando de Noronha (PE), em setembro de 2021.
Desenvolvida em parceria com a MOSS, uma das principais plataformas ambientais de créditos de carbono do mundo, a iniciativa que acaba de completar 1 ano neutralizou 7.295 toneladas de CO2 em 953 voos de ida e volta entre a capital pernambucana e o arquipélago.
Fundamental para o cotidiano de Noronha, a aviação comercial responde por metade das emissões de carbono do local. Com a ação, um quarto delas estão sendo neutralizadas.
As novas rotas de carbono neutro permitem que, a cada 100 toneladas de CO2 emitidas pelos dois trechos voados, a Gol garanta um hectare de Floresta Amazônica preservado.
A parceria com a Moss também possibilita que os passageiros compensem suas emissões durante a compra da passagem ou neutralizem trechos já voados, adquirindo créditos de carbono relativos às emissões previstas para o seu voo.
Outras iniciativas da Gol:
A caminho de também ser carbono neutro até 2050, a Latam se comprometeu a cortar 50% das emissões de seus voos domésticos até 2030.
Para isso, a estratégia principal são projetos colaborativos de conservação e compensação de ecossistemas icônicos na América do Sul, em áreas que incluem Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Chaco, por exemplo.
O trabalho está sendo desenvolvido em uma parceria regional com a organização internacional The Nature Conservancy (TNC), além de alianças com entidades locais. O plano é que 1 milhão de toneladas de carbono sejam capturadas na primeira etapa, 2021-2023.
Outra frente importante é o uso eficiente de combustível. Uma das ações nessa direção é a recente incorporação à frota de 70 aviões mais modernos, 20% mais eficientes no consumo de combustível.
Mais iniciativas da Latam: