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Indústria de máquinas de construção cresce 14% e fatura R$ 15 bi em 2020

As fabricantes tiveram um bom desempenho mesmo diante da pandemia, impulsionadas principalmente pelo agronegócio e pela mineração

 (Divulgação/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 26 de novembro de 2020 às 15h19.

A bilionária e disputada indústria de máquinas de construção conseguiu um feito raro em ano de pandemia: elevar o volume de vendas em 14,3%, atingindo um faturamento próximo de 15 bilhões de reais. O desempenho se deve a um conjunto de fatores que inclui juros baixos, renovação da frota e forte demanda do agronegócio e da mineração.

O setor é conhecido por suas máquinas de movimentação de terra, a chamada “linha amarela” (nome que deriva da cor dos equipamentos). No auge do mercado nacional, em meados de 2010, inúmeras marcas desembarcaram no Brasil atraídas pelo grande volume de obras ao redor do país, impulsionadas principalmente pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Ao longo dos últimos anos, porém, as vendas desaceleraram e o setor enfrentou tempos difíceis. Foi neste cenário que as empresas se reinventaram, adequando o portfólio com produtos mais versáteis, que atendessem não só a construção, mas também o agronegócio e a mineração, que se beneficiam do dólar alto e, consequentemente, das exportações.

"O país deixou de ter grandes obras, que demandavam máquinas extra grandes. Com isso, as empresas apostaram em produtos menores, com mais tecnologia e preços mais atrativos", afirma Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, associação que reúne os fabricantes, em entrevista à EXAME.

A entidade divulga nesta quinta-feira, 26, levantamento anual sobre o desempenho do setor. Em 2020, a indústria comercializou 30.798 máquinas de construção, ante 26.943 registradas no ano passado. Na linha amarela, o setor vendeu 19.581 unidades, alta de 22% sobre o desempenho de 2019.

Daniel afirma que, diante da crise econômica brasileira de 2014 a 2016, a frota de máquinas de construção acabou ficando envelhecida e, hoje, com a Selic em mínima histórica, o crédito mais barato estimulou a renovação destes equipamentos.

Com isso, as cerca de 10 empresas que atuam no mercado brasileiro com produção local se beneficiaram de uma demanda maior em 2020. Grandes marcas globais estão por aqui, como Caterpillar, Case, New Holland, Volvo, entre outras.

Historicamente, cerca de 20% das vendas de máquinas de construção são destinadas ao segmento de locação. Em 2020, esse patamar subiu para 27%. "Lá fora, esse nível é maior ainda, há muito espaço para as empresas de locação crescerem", diz Daniel.

O dirigente destaca que, em 2020, as fabricantes aplicaram reajustes que chegaram a 30%. "Nos últimos anos, com a competição acirrada no mercado, as empresas estavam reduzindo preços para ganhar participação. Agora, com a pandemia, o setor inteiro se viu obrigado a ajustar preços de maneira mais homogênea."

Perspectivas

Para 2021, a Sobratema está otimista. Mesmo com a possibilidade de novas ondas de contaminação da covid-19, o setor prevê que as obras planejadas não devem ser canceladas.

Daniel acredita que o crescimento da indústria em 2021 estará apoiado na continuidade do bom desempenho do agronegócio e da mineração, além de uma perspectiva de avanço das obras de infraestrutura: isso inclui mais concessões e novos projetos ligados ao marco do saneamento básico.

No ano que vem, a Sobratema projeta crescimento de 25% do volume de vendas de máquinas de construção, para 38.477 unidades. Em linha amarela, a alta projetada é de 20%, para 23.593 unidades.

Segundo o dirigente, o Brasil precisaria investir pelo menos 4% do produto interno bruto em obras de infraestrutura, mas esse patamar é hoje de 2%. "O mercado brasileiro teria assim potencial para consumir 50.000 máquinas por ano."

Ele ressalta, porém, sobre a falta de capacidade do governo brasileiro de investir, o que demanda trabalho na atração de recursos privados. "Para isso, o país precisa propiciar um ambiente convidativo para investimentos, visando alavancar as obras de infraestrutura tão necessárias."

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