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Incêndio é novo capítulo em série de desafios para Manguinhos

Refinaria em recuperação judicial esperava que 2018 representasse seu ano de virada. Mas as coisas não ocorreram como o previsto

Refinaria de Manguinhos: desde o início do ano os papéis despencaram quase 65%, saindo de 8,25 reais para 3 reais (Refit/Divulgação)

Refinaria de Manguinhos: desde o início do ano os papéis despencaram quase 65%, saindo de 8,25 reais para 3 reais (Refit/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2018 às 17h59.

Última atualização em 17 de dezembro de 2018 às 18h35.

São Paulo — O fogo que destruiu nove caminhões-tanque nesta segunda-feira é a mais nova de uma série de más notícias para a refinaria de Manguinhos. Depois de cinco anos em recuperação judicial – dois deles cumprindo o plano de reestruturação aprovado pelos credores – a refinaria planejava ter um réveillon diferente e dar boas notícias aos investidores. Mas, no primeiro trimestre, último relatório financeiro divulgado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o prejuízo só aumentou, passando de 36,4 milhões de reais nos três primeiros meses de 2017 para 78,1 milhões de reais no mesmo período de 2018. Em 2017, a empresa registrou um rombo de 236 milhões de reais e patrimônio líquido negativo, ou seja, as dívidas se tornaram maiores do que os ativos.

Há exato um ano, a empresa mudou seu nome para Refit e prometeu pagar as dívidas, praticamente um ritual da virada de página. “Precisamos equacionar nosso passado”, disse na ocasião Cristiano Moreira, presidente do grupo Magro, dono da refinaria e de distribuidoras de combustíveis, que fatura em torno de 4 bilhões de reais por ano.

Fundada em 1954 por Drault Ernanny, político e empresário, a Refinaria Manguinhos está localizada na zona norte do Rio de Janeiro. Em 1998, logo após a desregulamentação do mercado de petróleo, teve boa parte de seu controle acionário vendido pela petroleira argentina YPF, comprada posteriormente pela Repsol. Já naquela época, seus gestores tinham dificuldades de manter um equilíbrio econômico-financeiro e, em 2008, acabaram vendendo o controle para o Grupo Andrade Magro. Desde que assumiu, o grupo investiu mais de 100 milhões de reais na empresa. Em 2012, chegou a bater recorde de produção – 583 mil m³ de produtos, entre gasolina, óleo diesel, gás liquefeito de petróleo e óleos combustíveis.

Alvo de escândalos de corrupção e imbróglios judiciais, a empresa estava havia anos em dificuldade financeira. Em 2012, o governo do estado do Rio de Janeiro desapropriou a refinaria para levar adiante um plano de construção de um complexo habitacional na área. A empresa teve, então, de interromper suas atividades e só as retomou em 2014, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o decreto estadual. A essa altura, já havia entrado com pedido de recuperação judicial (janeiro de 2013). O plano só foi aprovado em dezembro de 2016.

Enquanto os gestores tentavam cumprir o combinado no plano, porém, a empresa era citada em escândalos de corrupção, envolvendo o grupo controlador. Ricardo Andrade Magro, dono do grupo, chegou a ser preso em 2016 por crime de sonegação fiscal. Em maio de 2018, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou quatro ex-administradores da Refinaria de Petróleos de Manguinhos também por crime contra a ordem tributária. A empresa teria deixado de recolher cerca de 163 milhões de reais em valores atualizados, referentes ao ICMS e a ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais (FECP).

Atualmente, a Refit refina 40 milhões de litros por mês de gasolina e importa 15 milhões de litros por mês de óleo diesel. O Grupo Magro detém 60% das ações, e o restante está pulverizado entre pequenos acionistas. A empresa tem capital aberto e desde o início do ano os papéis despencaram quase 65%, saindo de 8,25 reais para 3 reais.

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