Nepal: o escritório do milionário tem vista para a cordilheira do Himalaia (AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2013 às 11h13.
Katmandu - O magnata Binod Chaudhary abriu a primeira boate do Nepal e também inaugurou o setor de alimentos industrializados na vizinha Índia com seus biscoitos, um fato que, junto com outros diversificados negócios, o transformaram 'no primeiro multimilionário de um dos países mais pobres do mundo'.
Esse é o título que Chaudhary recebeu da revista 'Forbes', que o situa no posto 1.342 na lista das personalidades mais ricas, um fato que lhe serve, sobretudo, como motivação para aumentar ainda mais sua fortuna, afirmou o magnata à Agência Efe em seu escritório, que tem vista para a cordilheira do Himalaia.
O império de Chaudhary começou com seu avô, com um pequeno negócio de importação têxtil da Índia, mas, na atualidade, conta com 80 companhias de serviços financeiros, hotéis, imobiliárias, comida industrializada, construção e eletrônica.
Esses negócios representam um patrimônio de US$ 1 bilhão, segundo calculou a 'Forbes', embora esse nepalês de origem indiana, de 57 anos, tenha se tornado empresário quase que por acidente no momento em que se preparava para seguir seus estudos.
Aos 18 anos, Chaudhary queria estudar contabilidade, mas, após seu pai ter sofrido um ataque do coração e se retirado do trabalho diário, sua vida 'mudou de um dia para outro'. A partir daí, o jovem teve que tomar as rédeas dos negócios da família.
A empresa, que na ocasião contava com menos 400 empregados e na atualidade conta com 7,5 mil, mudou a vida de Chaudhary e, com certeza, para melhor.
'Podia ter ficado satisfeito com o que fazíamos, mas tenho uma mente aberta, sem preconceitos e sempre acabo querendo mais', explicou o novo multimilionário.
À frente dos negócios da família e contrariando seus pais, Chaudhary abriu a primeira boate do Nepal em Katmandu no ano de 1975.
Após fazer os nepaleses dançarem sob luzes neón em um país profundamente conservador, o empresário começou a inaugurar negócio após negócio e, hoje, seus macarrões pré-cozidos Wai Wai dominma 20% do mercado indiano, ficando somente atrás da Maggi e da Nestlé.
'Dentro de pouco tempo seremos a marca número um na Índia', declarou Chaudhary, orgulhoso pelo fato de a Wai Wai ser tão conhecida na região como a Coca-Cola e por ter consolidado sua fortuna ao fundar nos anos 90 a companhia de investimentos Cinnovation, com sede em Cingapura.
Essa operação financeira fez com que ele escapasse da lei nepalesa que proíbe seus cidadãos de investir no estrangeiro, mas não impediu que Chaudhary fosse acusado de evasão de capitais em seu país, uma denúncia que o empresário sempre rejeitou.
Segundo o magnata, os nepaleses não residentes no país podem investir no exterior e, como exemplo, cita o caso de dois de seus três filhos, que vivem em Cingapura e Dubai.
A inclusão na lista Forbes não reduziu as ambições de Chaudhary, que planeja abrir mais fábricas de macarrões na Índia e fábricas de cimento no Camboja e em Moçambique, além de levar os produtos da Wai Wai ao Quênia, China e Arábia Saudita.
Seu reconhecimento internacional também não impediu que o magnata desse continuidade a outras iniciativas com as quais pretende tirar o seu país da miséria.
Entre as alianças de Chaudhary figura uma que lhe une a Mohammed Yunus, 'o banqueiro dos pobres', premiado em 2006 com o Nobel da Paz e a quem doou US$ 1 milhão para um programa de apoio a jovens empresários.
O apoio aos novos empreendedores não é um de seus principais objetivos, mas o maior.
'Se pudesse ajudar 500 ou 700 empresários nepaleses, eu consideraria muito essa possibilidade', afirmou o multimilionário, que completou: 'Esse êxito seria maior que todos os demais'.