Petrobras: "Nas últimas quatro eleições o que ganhou as urnas foi não privatizar" (Mario Tama/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 16h08.
Última atualização em 3 de outubro de 2017 às 16h27.
Rio - O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) João Antonio de Moraes considerou uma "ideia maluca" a de que a Petrobras, em algum momento, será privatizada, como sugeriu o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, em um programa de entrevistas na segunda-feira.
Perguntado no programa Roda Viva, da TV Cultura, por que a Petrobras não seguia o mesmo destino da Eletrobras - cujo processo de privatização já foi iniciada - Coelho Filho respondeu: "Eu acho que isso vai acontecer. É um caminho."
Apesar de não estar nos planos do atual governo privatizar a empresa, como foi confirmado ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) pelo secretario de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do MME, Marcio Felix, a frase bastou para esquentar ainda mais os ânimos dos sindicatos ligados à estatal, e que nesta terça-feira, 3, participam de um protesto nas ruas do Centro do Rio contra a privatização da Eletrobras e da Casa da Moeda.
De acordo com o diretor da FUP, a privatização da Petrobras foi derrotada nas últimas quatro eleições, e o protesto desta terça tem por objetivo chamar a atenção para isso.
"O povo está reagindo no Rio de Janeiro, nas últimas quatro eleições o que ganhou as urnas foi não privatizar", disse ao Broadcast durante a passeata de protesto contra as privatizações, que tomou o Centro do Rio nesta terça-feira.
Segundo Moraes, cerca de 20 mil pessoas acompanhavam o protesto.
Mais cedo, o diretor do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Antônio Guimarães, minimizou a fala do ministro e disse ainda não ter parado para avaliar o assunto.
Ele destacou, no entanto, que antes da discussão sobre a privatização da Petrobras, outros pontos deveriam ser revistos pelo governo.
"Acho que a gente poderia fazer outras coisas antes disso (privatização), que criaria valor para o Brasil. Por exemplo, eliminar o polígono do pré-sal", disse, referindo-se ao desenho geográfico onde estão localizados ativos do porte de Libra, único campo do pré-sal vendido até hoje pelo governo, em 2010, mas sob o regime de Partilha (pagamento em óleo ao governo).
Guimarães defende que as áreas passem a ser vendidas sob regime de concessão, como ocorreu na 14ª Rodada de Licitações de Áreas de Petróleo e Gás Natural, na semana passada, e que atraiu investidores.
"Você tira o polígono do pré-sal e vende a área como bloco de concessão, isso seria muito mais simples do que discutir a privatização da Petrobras. Você viu o sucesso que foi a 14ª, porque tinha campos da "franja" do pré-sal sob o regime de concessão", explicou, referindo-se aos reservatórios ofertados no leilão e que possivelmente terão descobertas no pré-sal.