Infantaria apresentada pela Hyunda Rotem: a fábrica entrará em operação no início de 2016 com 300 funcionários (SeongJoon Cho/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2014 às 08h42.
São Paulo - A fábrica de trens que o grupo Hyundai Rotem vai construir em Araraquara (SP) receberá investimentos de R$ 100 milhões numa primeira etapa do projeto.
A segunda parte, prevista para daqui a dois ou três anos, vai exigir novo aporte para a nacionalização de carrocerias, item que inicialmente será importado da Coreia do Sul.
Com capacidade para 450 vagões para passageiros, a fábrica entrará em operação no início de 2016 com 300 funcionários, diz Andre Han, diretor presidente da Hyundai Rotem Brasil.
O grupo já tem 240 encomendas de composições para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e 112 para o Metrô Bahia, em Salvador.
Juntos, os dois contratos somam R$ 1,3 bilhão. "Nossa produção começa com 60% de índice de nacionalização", diz Han, porcentual que subirá com o início da produção local de carrocerias, que são as plataformas dos trens.
O objetivo é atender as exigências de conteúdo nacional feitas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para licitações públicas.
O valor a ser aplicado na construção da fábrica e maquinários para a montagem dos vagões virá de aportes da matriz da Hyundai, poderoso grupo coreano que atua em vários setores, incluindo o de automóveis.
A empresa, contudo, negocia financiamentos bancários, inclusive com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A empresa já iniciou a montagem dos vagões num galpão alugado da Iesa, empresa do Grupo Inepar com a qual mantinha uma parceria, mas que entrou em recuperação judicial no ano passado. Desde então, a Hyundai Rotem assumiu a entrega dos primeiros trens do contrato que os dois grupos venceram em licitação da CPTM.
À frente
"Adiantamos os investimentos que já estavam previstos para o Brasil e assumimos totalmente a operação", informa o executivo. Hoje, o presidente mundial da Hyundai Rotem, Kyuhwan Han, está em São Paulo para assinar memorando de entendimentos em evento com o governador Geraldo Alckmin e o presidente da Investe São Paulo - Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, Luciano Almeida.
Andre Han informa que ainda não está definido o investimento futuro para a nacionalização da carroceria dos trens, componente que inicialmente será importado da Coreia. Entre os itens que serão comprados localmente estão os sistemas de frenagem, da Knorr, o de ar condicionado, da Ibaya.
O executivo lembra que trens da marca coreana importados da Coreia já circulam em São Paulo (na linha amarela do metrô), Salvador e Rio de Janeiro.
A fábrica brasileira, diz ele, vai introduzir uma tecnologia ainda indisponível no País, de trens que circulam sem condutores, a serem fornecidos para o Metrô Bahia.
A cidade de Araraquara foi escolhida por já abrigar diversas empresas do ramo ferroviário, entre as quais a da Randon, inaugurada em outubro.
Mobilidade
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, o setor deve investir no triênio 2014-2016 entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões em novas fábricas, ampliação de instalações e modernização.
A produção esperada para este ano é de mais de 320 vagões para passageiros, ante 207 em 2013. Para 2015, a previsão é chegar a 400 unidades. A capacidade produtiva anual hoje é de mil vagões para passageiros por ano, 12 mil para cargas e 250 locomotivas.
"Os governos estão tratando a questão da mobilidade de forma mais acelerada", justifica Abate. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.