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HSBC aposta em plataformas manchadas por caso Petrobras

Após a eclosão do maior escândalo de subornos do país, investidores fugiram de empresas ligadas ao caso. Uma atitude precipitada, segundo o HSBC e a Mizuho


	HSBC: "títulos garantidos por navios-sonda oferecem a relação risco-retorno mais atrativa para um investidor paciente”, dizem analistas do banco
 (Susana Gonzalez)

HSBC: "títulos garantidos por navios-sonda oferecem a relação risco-retorno mais atrativa para um investidor paciente”, dizem analistas do banco (Susana Gonzalez)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2015 às 20h47.

São Paulo - Nos meses seguintes à eclosão do maior escândalo de subornos do Brasil, os investidores fugiram de empresas ligadas às supostas propinas. Trata-se de uma atitude muito precipitada, segundo a HSBC Holdings Plc e a Mizuho Securities USA.

A Odebrecht Offshore Drilling e a Queiroz Galvão Oil Gás Constellation são um exemplo disso. Os títulos dessas empresas caíram pelo menos 27 por cento desde 13 de novembro, quando a Polícia Federal disse que encontrou “fortes evidências” de que pelo menos sete construtoras, incluindo as empresas-mãe das duas fornecedoras a plataformas de petróleo, formaram um cartel para ganhar contratos públicos.

Para John Haugh, da Mizuho, os bonds agora são considerados uma “compra” porque os termos que os governam provavelmente defenderão os emissores de qualquer punição que as empresas-mãe possam enfrentar caso sejam consideradas culpadas por subornar a Petrobras, a empresa petrolífera controlada pelo Estado.

Além de o dinheiro para pagar essas notas ser separado em uma conta caução, os contratos de frete de longo prazo com a Petrobras que garantem a dívida só podem ser encerrados em caso de as plataformas não serem entregues a tempo ou estarem com defeito.

“Esses bonds foram vendidos em grande quantidade e apresentam um ponto de entrada atrativo”, disse Haugh, estrategista corporativo para  América Latina, por telefone, de Nova York. “Os contratos de frete que garantem os bonds não podem ser renegociados antes de expirarem”.

A Odebrecht Offshore Drilling disse que suas notas têm um pacote sólido de garantias, incluindo os navios-sonda, assim como recebíveis de contratos de longo prazo.

A empresa-mãe Odebrecht SA, que tem sede em Salvador, Bahia, encaminhou as perguntas à unidade. Em um comunicado de 30 de dezembro, a Odebrecht disse que todos seus contratos com a Petrobras foram obtidos em processos concorrenciais sob a legislação estabelecida.

Banidas pela Petrobras

A assessoria de imprensa da Queiroz Galvão Oil Gás, que tem sede no Rio de Janeiro, preferiu não comentar as acusações e os prejuízos dos bonds. Sua empresa-mãe, a Queiroz Galvão SA, que encaminhou os pedidos de comentário para a unidade, disse em um comunicado, no dia 14 de novembro, que todos os seus contratos estão dentro da lei.

Desde o final de dezembro a Petrobras proibiu mais de 20 construtoras, incluindo a Odebrecht e a Queiroz Galvão, de realizarem ofertas para obterem contratos enquanto não for divulgado o resultado de uma investigação que deixou o mercado financeiro nervoso e provocou pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Os títulos da Odebrecht Offshore Drilling da emissão de US$ 1,275 bilhão para 2022 caíram 27 por cento desde 13 de novembro, para 74,29 centavos de dólar. As notas, agora, estão desvalorizadas, rendendo 11,53 pontos porcentuais sobre títulos do Tesouro dos EUA com vencimento similar.

‘Mais atrativa’

Os títulos da Queiroz Galvão Oil Gás da emissão de US$ 700 milhões para 2019 despencaram 46 por cento no mesmo período, para 52,51 centavos de dólar. A 23,36 por cento, eles rendem três vezes a média das dívidas de mercados emergentes classificadas como junk.

Os bonds são uma pechincha porque os contratos de longo prazo oferecem visibilidade do fluxo de caixa e não contêm cláusulas que possam ser exploradas pela Petrobras para anular os contratos de afretamento se as empresas-mãe forem consideradas culpadas, disseram analistas do HSBC, liderados por Sarah Leshner, em um relatório no dia 4 de fevereiro.

“Os bonds garantidos por navios-sonda oferecem a relação risco-retorno mais atrativa para um investidor paciente”, escreveram.

As empresas de plataformas também tiram proveito do aluguel de equipamentos estrategicamente fundamentais para a Petrobras.

Sanjay Ranade, estrategista da Jefferies Group LLC, recomendou no mes passado que os investidores fiquem longe dos títulos.

‘Tempos voláteis’

“Nesses tempos voláteis não podemos descartar a possibilidade de uma renegociação”, disse ele, em uma nota a clientes, em 7 de janeiro.

Haugh, da Mizuho, disse que a maioria dos contratos que garantem os bonds da Queiroz Galvão Oil Gás expira em 2018, um ano antes de as notas vencerem, o que garante que os pagamentos de dívidas sejam cobertos por vários anos depois disso.

E embora tenha preferido não fornecer uma estimativa de valor justo para os bonds das fornecedoras de plataformas, ele disse que os investidores exigem muito em rendimento em relação às notas da Petrobras.

A dívida de 2019 da Queiroz Galvão Oil Gás rende 15,7 pontos porcentuais a mais que os títulos de vencimento similar da Petrobras, mostram dados compilados pela Bloomberg.

“Existe um valor suficiente de ativos para cobrir toda a dívida da Queiroz Galvão Oil Gás e de suas subsidiárias”, disse Haugh. “Esses bonds devem ser negociados com uma diferença menor em relação aos da Petrobras”.

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