Hotel da rede Travelodge, nos Estados Unidos: grupo HotelPar trará ao país a marca do grupo norte-americano Wyndham Hotel (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2013 às 16h33.
São Paulo - O grupo HotelPar, dono da incorporadora Emcorp, trará uma nova bandeira de hotéis supereconômicos para o país, numa investida para ser a "GOL da hotelaria brasileira", buscando levar hotéis de estrutura a cidades médias, com diárias a preços populares.
Depois de anunciar o desenvolvimento da bandeira Super 8 no Brasil no fim do primeiro semestre, a empresa trará ao país a marca Travelodge, também do grupo norte-americano Wyndham Hotel.
"Assim como a GOL ajudou a mudar o cenário da aviação, a gente está modificando a forma como se desenvolve hotel por aqui", afirmou à Reuters o presidente do HotelPar, Dan Fonseca, em referência à GOL Linhas Aéreas.
O executivo acredita que da mesma forma que as famílias de classe média passaram a viajar de avião, elas buscarão a comodidade de hotéis padronizados fora das áreas metropolitanas quando estiverem se deslocando de carro.
De olho nos municípios que têm apenas estabelecimentos de pequeno porte, como pousadas e pensões de administração familiar, o Travelodge oferecerá diárias médias de 119 reais. No Super 8, o preço médio será de 148 reais.
O objetivo será atrair viajantes de negócios, turistas e famílias em busca de pernoite, oferecendo como atrativo quartos com TV de tela plana, ar-condicionado e wi-fi grátis.
Para Fonseca, esse público deverá circular cada vez mais pelo Brasil, replicando um movimento ao dos Estados Unidos a partir da década de 50. Com a melhoria e expansão das rodovias, os motéis de estrada se consolidaram como alternativa de hospedagem de baixo custo, segmento incipiente no Brasil.
"O Travelodge vai ajudar a preencher uma lacuna num mercado com poucas ofertas", disse Daniel Del Olmo, vice-presidente sênior para América Latina do Wyndham Hotel Group. Na primeira fase do projeto, o hotel será construído em 20 cidades de menor porte, acrescentou o executivo.
Segundo estudo recente da Jones Lang LaSalle, os municípios com esse perfil respondem por 42 por cento da demanda projetada para o setor até 2022, com potencial para absorver 80 mil novos quartos, número que desconsidera os 5.200 apartamentos já em construção no país, na esteira da Copa do Mundo e Olimpíadas.
"São cidades com menos de 1 milhão de habitantes, que terão o crescimento guiado principalmente pela expansão agroindustrial ou industrial, além do aumento da infraestrutura necessária para sustentar esse movimento", disse o estudo.
Modelo
De olho nesses dados, a HotelPar quer acelerar a expansão da rede Travelodge com um projeto arquitetônico uniforme desenhado para aumentar a eficiência e controle do negócio.
O hotel poderá ser adaptado para ter 54, 62 ou 78 apartamentos, de 12,5 metros quadrados cada. A primeira unidade deverá abrir as portas no segundo semestre de 2014.
A mesma estratégia foi adotada no Super 8, cujo primeiro hotel ficará pronto em dezembro, em Lagoa Santa (MG). Nesse caso, a estrutura conta com 100 quartos de 16 metros quadrados.
"Quando a GOL começou ela operava sempre com o mesmo equipamento, o (avião Boeing) 737. Nossos hotéis são todos iguais e essa identidade nos dá vantagem de escala", afirmou Fonseca.
O preço médio de cada hotel do Travelodge é de 4,5 milhões de reais, disse o executivo, "pouco menos da metade do que é exigido para um Super 8".
"Percebemos que, apesar de ser um produto econômico, o Super 8 ainda era grande para algumas localidades, mas que ofereciam boas oportunidades", afirmou Fonseca. "Por isso chamamos a Wyndham para conversar e apresentamos a proposta de desenvolver um produto com custos de desenvolvimento e operação menores." Apesar de ser dona das duas bandeiras, a Wyndham não fez aportes na operação, licenciando-as e fornecendo treinamento e suporte.
O investimento vem sendo financiado pelo HotelPar em parceria com incorporadoras locais, nomes como a Construtora Forte, em Minas Gerais, e a Ladeira Miranda, na região do Vale do Paraíba, em São Paulo.
"Todas os parcerias que fechamos são para as duas marcas", afirmou Fonseca. "Nosso alvo é investir 30 por cento em cada empreendimento, com o parceiro regional entrando com os outros 70 por cento", disse, ressalvando que a divisão percentual não é fixa, sendo aberta à negociação.
Interior do Brasil
Diferente de outros países, onde a bandeira Travelodge atua nos segmentos econômico e intermediário, por aqui a rede será inteiramente voltada ao baixo custo.
"Muito em breve vamos começar a construir o Travelodge em Lorena (SP), às margens da rodovia Dutra", afirmou Fonseca, acrescentando que cidades como Guaratinguetá e Caraguatatuba, ambas em São Paulo, também têm perfil para receber o hotel.
Na Bahia, o município de Bom Jesus da Lapa, destino de turismo religioso, foi outro eleito pela companhia.
Já em Rio Grande (RS), uma unidade do Travelodge será erguida ao lado de um Super 8, em um terreno de 25 mil metros quadrados comprado na entrada da cidade pela Fisa, incorporadora parceira do HotelPar no estado.
"Um produto não entra em conflito com outro, eles se complementam", disse Fonseca, negando o risco da marca canibalizar sua irmã mais cara.
A ideia da empresa é encerrar 2015 com 40 hotéis abertos, considerando as marcas Travelodge e Super 8, disse Fonseca.