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Honda inaugura fábrica sem novos modelos, vagas e aumento de produção

Fábrica interior de São Paulo estava pronta havia três anos, mas a empresa decidiu esperar a melhora da economia para iniciar operações

Honda inaugurou ontem sua segunda unidade no país, em Itirapina, no interior de São Paulo (Parth Sanyal/Reuters)

Honda inaugurou ontem sua segunda unidade no país, em Itirapina, no interior de São Paulo (Parth Sanyal/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de março de 2019 às 09h42.

Foi uma cerimônia simples, com um terço dos convidados presentes na festa do lançamento da pedra fundamental da fábrica, em 2013. Sem novos modelos, vagas e aumento de produção, a Honda inaugurou ontem sua segunda unidade no País, em Itirapina, no interior de São Paulo.

A fábrica estava pronta havia três anos, mas a empresa decidiu esperar a melhora da economia para iniciar operações. Quando anunciou o investimento de R$ 1 bilhão, cinco anos atrás, o mercado brasileiro batia recorde, com 3,8 milhões de unidades vendidas. Inaugurada em 1997, a fábrica de Sumaré operava em capacidade máxima de 120 mil veículos ao ano com horas extras diárias, inclusive em fins de semana.

O projeto de duplicar a capacidade produtiva com a nova unidade, que seria inaugurada em 2016 com 2 mil empregos diretos, foi travado pela crise econômica, que derrubou as vendas totais à metade. A recuperação começou lentamente e, este ano, as fabricantes esperam vender 2,9 milhões de unidades.

Ainda que o grupo continue atuando com horas extras e tenha produzido 138 mil carros em 2018, acima portanto da capacidade em dois turnos e jornada normal, o presidente da Honda América do Sul, Issao Mizoguchi, diz que a decisão de abrir a fábrica neste momento tem mais a ver com a necessidade de reduzir custos operacionais - já que a nova unidade é mais moderna, ampla e eficiente - do que com a ainda insuficiente recuperação do mercado.

"Não houve melhoria significativa no mercado que justifique o aumento da produção, mas, como o segmento é cada vez mais competitivo, aqui temos melhores equipamentos e melhor eficiência para buscarmos redução de custos", diz Mizoguchi.

A solução encontrada pelo grupo foi transferir gradualmente a produção de automóveis de Sumaré para Itirapina, e concentrar na fábrica antiga a fabricação de motores, ferramentas, componentes, além de centro de pesquisa e desenvolvimento e a sede administrativa.

A fábrica começou a operar no fim de fevereiro, com a produção de 90 unidades ao dia do Fit. No segundo semestre chegará o utilitário-esportivo HR-V e os demais modelos da marca (WR-V, Civic e City) serão transferidas gradualmente até 2021, quando o grupo espera atingir a capacidade de 120 mil unidades da nova fábrica.

Sem novas vagas

Neste momento, a fábrica opera em um turno, com 450 funcionários, todos transferidos de Sumaré. Ao longo dos próximos dois anos, a intenção é trazer, ao todo, 2 mil trabalhadores, e manter 1 mil nas linhas de componentes.

A estratégia para evitar cortes em Sumaré frustrou os moradores de Itirapina, muitos dos quais já haviam feito cursos no Senai, passado por entrevistas e aguardavam ser convocados. Hoje, a maior empregadora da cidade é a Prefeitura, com 800 funcionários, e dois presídios, com 400 trabalhadores.

O prefeito de Itirapina, José Maria Cândido (MDB), diz que estão sendo contratados terceirizados para áreas de limpeza, restaurantes e conservação. "Ocorreram por volta de 200 contratações até agora", diz.

Presente no evento, o governador João Doria (PSDB), que recentemente lançou o programa IncentivAuto, afirmou que a Honda poderá usufruir do incentivo de redução de ICMS futuramente. "O setor pode crescer e a Honda dobrar seu investimento e ter acesso ao programa", disse. Ao ser questionado sobre o tema, Mizoguchi respondeu: "Antes de pensar em investir mais, teremos primeiro de recuperar o R$ 1 bilhão que enterramos aqui."

O IncentivAuto prevê desconto de ICMS de 2,7% a 25% para empresas que investirem no Estado a partir de R$ 1 bilhão e gerarem no mínimo 400 empregos diretos. O programa foi lançado após negociações com a General Motors, que ameaçava suspender investimentos no País. Após vários acordos para redução de custos, a montadora anunciou investimentos de R$ 10 bilhões até 2024.

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