Antigo aparelho de barbear: Entre 2004 e 2009, o mercado cresceu 78,1%, segundo a Euromonitor
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
São Paulo - Em agosto, o Brasil será incorporado à estratégia de diversificação de portfólio da francesa L'Occitane. Conforme antecipou o site de EXAME (clique aqui para ler a reportagem), a exemplo do que já fez nos Estados Unidos e na Europa, a empresa vai ampliar sua linha de produtos por aqui, hoje concentrada em cremes e perfumes. Para os homens, serão oferecidos shampoos, condicionadores e produtos faciais. Investir em produtos para esse mercado, porém, está longe de ser um mero complemento da linha da L'Occitane. O Brasil é, hoje, o segundo maior mercado de cuidados pessoais masculinos do mundo. Neste ano, os brasileiros devem gastar 2,69 bilhões de dólares com estes produtos - cerca de 17% mais que em 2009, segundo a consultoria Euromonitor International.
É claro que a cifra ainda está bem distante da movimentada pelas mulheres. Segundo dados da consultoria Sophia Mind divulgados por EXAME, as brasileiras gastaram 17,3 bilhões de reais (cerca de 9,72 bilhões de dólares) no ano passado com cuidados pessoais. Mas, no mercado de cosméticos masculinos, o Brasil só perde os Estados Unidos, que movimentaram 4,82 bilhões de dólares em 2009. Com a crise, os americanos vão cortar os gastos neste ano, e o montante deve cair para 4,78 bilhões de acordo com a Euromonitor. Seguindo o Brasil, estão Japão, com um mercado de 1,9 bilhão de dólares em 2009; Alemanha, com 1,71 bilhão e França com 1,36 bilhão.
Os números mostram que os brasileiros estão ficando cada vez mais vaidosos. Entre 2004 e 2009, o mercado cresceu 78,1%, segundo a Euromonitor. A crescente preocupação com a aparência é detectada também por outros caminhos. Uma pesquisa realizada pelos Laboratórios Vichy, da L'Oréal, com 600 dermatologistas da América Latina demonstrou que hoje os homens representam 30% dos pacientes no consultório.
Espelho meu
E, como onde há demanda, há gente disposta a atendê-la, algumas empresas de cosméticos já vendem produtos exclusivamente masculinos no Brasil. Não são apenas desodorantes e cremes de barbear, mas também artigos como antiidade, cremes depilatórios e loções matificantes (que tiram o aspecto oleoso) para o rosto.
A marca americana Clinique, por exemplo, vende sua linha de produtos masculinos no país (a Skin Supplies for Men) há cerca de dois anos. Atualmente são 23 produtos, divididos em cuidados básicos para pele, tratamento, higiene pessoal e itens para barbear. Até junho de 2010, esse segmento registrou um crescimento de 6% em valor de vendas em relação a 2009. Mas a participação da linha masculina no faturamento total da Clinique ainda é de 3%.
A marca de produtos de depilação Depiroll lançou, em outubro de 2009, uma linha com loção, creme depilatório e cera depilatória para homens (a Linha DepiRoll For Men). A empresa ainda não divulga resultados, mas afirma que a linha vem atingindo bons percentuais de vendagem. "Acreditamos que, num curto espaço de tempo, esta linha gire o equivalente a 20% das vendas dos itens femininos", afirmou Cristina Pontes, gerente de marketing e produtos da empresa.
Com cosméticos masculinos no Brasil desde 2003, a Nívea não divulga o tamanho das vendas desse segmento. "Podemos afirmar que o desempenho da linha masculina é excelente e está superando as nossas expectativas", disse Maria Laura Santos, diretora de marketing da Nívea no Brasil. As vendas da empresa nas categorias barba e pós-barba cresceram em média 10,29% em valor nos últimos três anos, enquanto o mercado cresceu 2,66% em valor, segundo dados da Nielsen citados pela Nívea. A diretora disse que, apesar de a empresa ter em seu portfólio géis de limpeza e hidratantes, os produtos mais vendidos continuam sendo desodorantes, espumas de barbear e pós-barba. Ao investir em sua imagem, os brasileiros estão se tornando mais atraentes também para as empresas - um relacionamento que ainda vai longe.