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Herdeiro da Natura oferece cursos de porta em porta

Fernando Seabra atribui ao acaso o fato de neste momento investir no mercado de venda direta


	Livros: o negócio de Fernando Seabra envolve módulos de aprendizagem de idiomas e preparatórios para o Enem
 (Getty Images)

Livros: o negócio de Fernando Seabra envolve módulos de aprendizagem de idiomas e preparatórios para o Enem (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2015 às 11h31.

São Paulo - Após algumas incursões como empresário, Fernando Seabra atribui ao acaso o fato de neste momento investir no mercado de venda direta.

Herdeiro de Luiz Seabra, sócio-fundador da Natura, ele vem refazendo o caminho tantas vezes percorrido pelo pai famoso: o empreendedor bate ponto em reuniões para convencer donas de casa e chefes de família a investirem em seu produto para engrossar o orçamento no final do mês.

Longe de cremes para o rosto, perfumes ou maquiagens, o negócio de Fernando Seabra envolve módulos de aprendizagem de idiomas, preparatórios para o Enem ou programas profissionalizantes de cinco horas a nove meses de duração.

Batizada de Titan Educação, Seabra investiu R$ 10 milhões e um ano e meio de planejamento para lançar uma startup que comercializa educação à distância em um formato de venda direta chamado 'multinível'.

O modelo possibilita que o revendedor recrute indiretamente outros vendedores, participando posteriormente nos resultados do seu grupo nas vendas de porta em porta.

O problema é que, apesar de explorado com sucesso no Brasil por marcas como Herbalife e Mary Kay, o sistema tem histórico de insucessos ou marcas mal intencionados, que ocultam dentro do modelo o esquema da pirâmide, que é crime no Brasil - quando o serviço ou produto oferecido ou não existe de fato ou não é a fonte principal dos recursos obtidos pela empresa.

"O marketing multinível é delicado, com marcas excelentes e outros negócios não tão sérios. Mas eu analisei profundamente esse conceito e concluí que é muito forte para o mercado de educação à distância", afirma Seabra, que há dois anos é sócio de outros dois empreendimentos no segmento, a eVox e a Help Provas.

Integrando conteúdo de fornecedores parceiros, como a Endeavor e a britânica Pearson, a startup oferece uma centena de cursos agrupados em sete áreas de conhecimento.

Dessa maneira, Seabra pretende em um ano levantar um faturamento bruto médio de R$ 60 milhões.

Para alcançar a meta, Fernando Seabra tem a tarefa de recrutar até fevereiro do ano que vem 100 mil revendedores, que ele chama de ‘empreendedores’.

Para integrar a base de revendedores, a empresa cobra uma taxa de adesão de R$ 69 e o relacionamento é de compra e revenda.

"O empreendedor compra os cursos entre 30% e 50% abaixo do valor que vai vender. Já temos 10 mil empreendedores", conta ele, que para convencê-los projeta uma receita mensal de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil "desde que se empenhem", diz.

O empreendedor dá ainda outras dicas sobre os motivos que o levam a apostar não apenas no segmento, mas nesse modelo de comercialização de educação no País.

"Todo mundo que vende Tupperware, Herbalife, cosméticos e roupas com a venda direta vive um momento de relacionamento, de interação com o usuário final que também consome educação e que pode consumir nossos produtos", afirma Seabra.

"Existem 4,5 milhões de revendedores de venda direta no Brasil. Acho que nosso produto se ajusta a 20% desse total."

Demanda

De acordo com análise de Onófrio Notarnicola Filho, professor de tecnologia em inovação e especialista da Associação Brasileira de Educação a Distância, o modelo de venda direta proposto pelo empresário é, além de novo e até inusitado, bem-vindo para um segmento que, segundo o próprio especialista, demanda novidades em seu formato atual de comercialização.

"É um modelo novo, precisamos observar. Mas eu acredito na venda direta como ferramenta de comercialização", afirma o especialista, que faz um alerta sobre o perfil de cursos adequados para o sistema e que despertam o interesse do cliente.

"Observamos que cursos rápidos tendem a ser melhor recebidos pelo consumidor do que os cursos longos", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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