Heineken: cervejarias estão intensificando os esforços para encontrar alternativas para a cerveja em meio a mudanças nas preferências dos clientes (Susana Gonzalez/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2013 às 16h52.
Londres - Quando a estagnada economia da Europa e os consumidores exigentes deram limões para a Heineken NV, a terceira maior cervejaria do mundo decidiu misturá-los com cerveja.
Este ano a empresa lançou uma linha de bebidas Radler, uma mistura de refrigerante de limão e cerveja, para 23 mercados em sua maior apresentação do produto. É de imaginar que a bebida, mais doce e menos alcoólica do que a cerveja, vá conquistar o público feminino sempre esquivo, bem como os homens jovens que preferem vinhos ou bebidas espirituosas.
As cervejarias estão intensificando os esforços para encontrar alternativas para a cerveja em meio a mudanças nas preferências dos clientes. A líder de mercado, a Anheuser-Busch InBev NV, produziu uma variedade com sabor de lima para sua marca Bud Light, enquanto a Heineken adicionou tequila à cerveja para criar a Desperados. A Heineken está reduzindo sua dependência de sua marca global de mesmo nome, depois de seis anos de quedas do mercado de cerveja na Europa Ocidental.
"A cerveja está perdendo para outras bebidas", disse Ian Shackleton, analista da Nomura em Londres. "Você pode argumentar que é porque os cervejeiros não têm sido tão inovadores. A pergunta é: como você inova em cerveja lager? É tudo um pouco parecido".
Radler é a base da estratégia da Heineken para obter 6 por cento das vendas de novos produtos, no ano. No ano passado, a empresa teve 5,3 por cento das receitas de bebidas recentemente lançadas, ou cerca de 1 bilhão de euros (US$ 1,3 bilhão).
Volume decrescente
"A Heineken formalizou o que estava sendo misturado por um barman", disse Trevor Stirling, analista da Sanford C. Bernstein, em Londres, referindo-se a uma bebida que contém cerca de quantidades iguais de cerveja e refrigerante. "Os consumidores adoram, então eu não sei por que alguém não fez isso antes".
As bebidas Radler tiveram um desempenho "muito forte", no primeiro semestre do ano, disse François-Xavier Mahot, diretor sênior de inovação mundial da Heineken, em Amsterdam.
Ainda bem. Amanhã a Heineken vai informar um declínio de 6,6 por cento no volume de cerveja no primeiro semestre na Europa Ocidental, de acordo com a média das estimativas de quatro analistas consultados pela Bloomberg.
Menor força
Cortar a cerveja com limão diminui a força da bebida. A radler, marca Foster, produzida pela Heineken no Reino Unido contém apenas 2 por cento de álcool por volume, e pode atrair como uma bebida para consumo depois de atividades esportivas, disse Mahot.
A Heineken pode usar o impulso. As ações da companhia são negociadas a 18,5 vezes as estimativas dos analistas para o lucro de o ano todo, menos que as 18,9 vezes da SABMiller e 20,2 vezes da AB InBev. Heineken pode reportar uma queda de 2 por cento no lucro operacional no primeiro semestre do ano, de acordo com a média de cinco estimativas.
Mesmo que as radlers não tenham poder de permanência quando o inverno chegar à Europa, os cervejeiros devem buscar uma chance com novos produtos, de acordo com John Philips, um consultor da indústria de bebidas que ocupou cargos de gerência na Foster Group Ltd. e na Diageo Plc. "Se não inovar, o negócio não poderá crescer", disse Philips.