Braskem: guerra comercial e retomada lenta no Brasil são desafios para a petroquímica (Mirian Fichtner/Exame)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2019 às 06h52.
Última atualização em 7 de agosto de 2019 às 07h08.
A petroquímica Braskem irá divulgar nesta quarta-feira, 07, após o fechamento do mercado, seu balanço financeiro referente ao exercício do segundo trimestre, e tentará mostrar que há vida em meio a uma série de problemas internos.
De acordo com estimativas de analistas consultados por EXAME, a maior petroquímica da América Latina deve reportar uma receita líquida de aproximadamente 13,4 bilhões de reais e um lucro líquido entre 220 milhões e 375 milhões de reais no período. Se confirmado, o resultado representa queda em relação a igual período do ano anterior.
A companhia vinha conseguindo melhorar os resultados no Brasil após a forte crise que impactou a economia e, consequentemente, a demanda industrial, principalmente entre 2014 e 2016. No entanto, a retomada tem sido lenta.
As operações do grupo nos Estados Unidos, Europa e México têm conseguido compensar apenas uma parte da retração no mercado brasileiro, e estão sob pressão da guerra comercial entre China e EUA. A Braske possui 40 fábricas no mundo e sua produção é focada em plástico e derivados, bem como insumos químicos básicos como, por exemplo, eteno e propeno.
Os planos de crescimento da Braskem esbarram em um enorme problema em Alagoas, onde a companhia possui três operações. Uma delas, a mina de sal-gema – matéria-prima usada na produção de plástico – teve que ser paralisada após decisão da Justiça.
Conforme relatório da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), a atividade minerária da companhia no local seria responsável por fissuras em três bairros de Maceió. A empresa destaca que ainda não é possível chegar a tal conclusão. Mais de 500 famílias foram removidas das áreas de maior risco e, diante desse cenário, a Braskem decidiu encerrar as operações na mina.
Ao mesmo tempo, a petroquímica convive com a recuperação judicial de sua controladora, a Odebrecht, que em 2016 deu todas as ações que possui na Braskem em garantia a cinco instituições financeiras. A Justiça isolou essas participações da execução dos credores, sob o argumento de que a Braskem é essencial à sobrevivência do grupo: o cenário é propício para eventuais disputas judiciais.
Nesta terça-feira, outra empresa do grupo Odebrecht, a produtora de açúcar e álcool Atvos, entregou seu plano de recuperação judicial, propondo pagar 40% do que deve a bancos. O futuro da Odebrecht, e de suas controladas, segue coberto de incertezas.