Supermercado Pão de Açúcar (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 07h50.
São Paulo - O Grupo Pão de Açúcar reverteu o cenário mais desafiador visto na primeira metade do ano ao apresentar, no fim da quarta-feira, lucro líquido acima do esperado e quase 65 por cento maior no terceiro trimestre, começando a refletir as medidas de incentivo do governo.
A maior varejista do país teve lucro líquido de 210 milhões de reais entre julho e setembro, salto de 64,6 por cento sobre um ano antes. A média de quatro estimativas de analistas obtidas pela Reuters indicava ganho de 205,5 milhões de reais.
O segmento alimentar contribuiu com lucro de 142 milhões de reais no período, avanço de 19,1 por cento ano a ano, após a desaceleração do consumo no país ter resultado em crescimento menor de vendas para a empresa no segundo trimestre.
Com os resultados do trimestre passado, a companhia confirmou a estimativa traçada no final de julho, quando o presidente-executivo do grupo, Enéas Pestana, afirmou estar otimista para o segundo semestre, com perspectiva de maior crescimento nos últimos três meses do ano.
Os números também revelaram, conforme previsto por representantes do setor, que as medidas de incentivo ao consumo que começaram a ser adotadas pelo governo no final do ano passado começaram de fato a se refletir na ponta da cadeia.
O Pão de Açúcar já havia divulgado no início de outubro alta de 9,7 por cento na receita líquida total do terceiro trimestre ante igual período de 2011, a 12,155 bilhões de reais.
Já a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou 801 milhões de reais nos três meses até setembro, alta anual de 11,1 por cento, com a margem ficando praticamente estável em 6,6 por cento.
Dentre os destaques do período, as vendas comparáveis do Minimercado Extra (antigo Extra Fácil) cresceram 23,6 por cento. No trimestre passado foram abertas oito lojas sob esta bandeira, além de três Extra Supermercado, três Extra Hiper e uma Pão de Açúcar, totalizando 15 novas unidades.
Para o atual trimestre, o grupo tem o desafio de mais que dobrar o número de inaugurações, com a previsão de abrir 40 lojas, sendo 30 Minimercado Extra.
A varejista realizou investimentos de 405 milhões de reais entre julho e setembro e reiterou a estimativa de desembolsar cerca de 1,8 bilhão de reais no fechado do ano.
Viavarejo
O desempenho da ViaVarejo, que reúne Casas Bahia, Ponto Frio e Nova Pontocom, no terceiro trimestre também contribuiu para impulsionar o resultado do grupo.
A unidade de eletroeletrônicos e vendas online viu o lucro líquido aumentar em mais de oito vezes, para 67,9 milhões de reais, acompanhando a maturação da integração das plataformas e o reposicionamento da marca Ponto Frio.
O Ebitda subiu 15,9 por cento, a 305 milhões de reais, com margem de 5,7 por cento. Já a receita líquida de vendas foi 9,5 por cento maior, a 5,4 bilhões de reais.
As vendas das lojas físicas em operação há pelo menos 12 meses cresceram 8,2 por cento sobre um ano antes. As vendas no comércio eletrônico, enquanto isso, saltaram 3,3 por cento.
No trimestre foram abertas nove lojas de Casas Bahia, sendo que outras 23 estão em construção.
A divulgação dos resultados ocorre em meio a tensões envolvendo a família Klein --ex-dona da Casas Bahia e detentora de quase metade da ViaVarejo-- e o Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo francês Casino.
Conforme informado em meados de outubro, a varejista contratou a KPMG para realizar auditoria nas empresas que formam a ViaVarejo, seguindo a possibilidade da família Klein abrir um processo de arbitragem contra a Pão de Açúcar, por inconsistências nos balanços da Globex usados para definição do valor atribuído à empresa no processo de fusão com a Casas Bahia, em 2010.