Somos Educação: "Os títulos de literatura de entretenimento estão fora dos nossos investimentos futuros", diz Mario Ghio Junior, vice-presidente de Conteúdo e Inovação do grupo (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2015 às 15h03.
São Paulo - Dono da Ática e da Scipione - e, ainda, entre outras empresas, dos sistemas de ensino Anglo e SER, de colégios e escolas de idiomas e, se o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovar, também do departamento de didáticos da editora Saraiva -, o grupo Somos Educação (ex-Abril Educação) confirma que não está interessado em publicar literatura infantojuvenil que não tenha relação com a sala de aula.
"Os títulos de literatura de entretenimento estão fora dos nossos investimentos futuros", diz Mario Ghio Junior, vice-presidente de Conteúdo e Inovação do grupo.
A decisão, que motivou a extinção do departamento editorial das duas casas na última sexta-feira, 2, e, consequentemente, a demissão de seus editores, surpreendeu o mercado. O momento era de festa: a Ática está fazendo 50 anos e tinha acabado de relançar 10 títulos da clássica coleção Vaga-Lume com novo projeto gráfico.
Na terça, 6, a Somos Educação informou, por meio de um comunicado, que a reestruturação tinha por objetivo fundir as áreas de didáticos, paradidáticos e sistemas de ensino. Não mais que isso. Mas ontem, no entanto, a empresa mudou de estratégia e preferiu explicar esse movimento repentino.
"Trata-se de uma decisão estratégica de que toda nossa produção de conteúdo seja dedicada ao ambiente da escola. Continuaremos investindo no trabalho literário paradidático para fomentar a leitura dentro da escola", esclarece.
Assim, coleções como a Vaga-Lume, Para Gostar de Ler e Gato e Rato continuam em catálogo - só não há confirmação de edição de novos títulos.
A Somos Educação vende, anualmente, cerca de 2 milhões de exemplares de livros não didáticos.
Desses, entre 85% e 90% são obras paradidáticas e o restante, algo entre 200 mil e 240 mil, é o que Ghio chama de literatura de entretenimento, obras traduzidas e vendidas principalmente em livrarias.
O grupo abre mão, então, dessa venda de mais 200 mil volumes ao ano.
"É uma questão de DNA. Não está no nosso DNA divulgar livros em livrarias. Não temos sequer uma equipe de vendas para isso. As pessoas que trabalham com divulgação estão alocadas em escolas. Manter isso faz sentido. Criar uma estrutura para visitar o varejo, sobretudo um varejo onde há grandes players, que vendem eletrônicos e definem os preços, não. Não nos sentimos competentes para fazer isso", completa Ghio.
A empresa está com vagas abertas nas áreas comercial (gerente de canais - livrarias, inclusive) e editorial (gerente de literatura e paradidáticos).