Rafael Carneiro, da Splash: "Se for algo que eu acho que as pessoas irão achar brega, não faço"
Repórter de Negócios
Publicado em 7 de novembro de 2023 às 16h07.
Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 17h03.
O catarinense Rafael Carneiro tem uma fascinação pelo mundo da moda desde cedo. Quando era criança, ajudava a mãe, esposa de um político de Brusque, a se vestir para os eventos da cidade.
Quando iam viajar, passavam dias em lojas olhando o que as grifes estavam produzindo. No Ensino Médio, que terminou na Inglaterra, aproveitava para passear em lojas e escolher os looks de sua mãe. “Desde os 12 anos, só usava Dolce & Gabbana”, brinca.
Depois do Ensino Médio, voltou ao Brasil para estudar arquitetura em Santa Catarina, mas em um evento do setor em São Paulo, foi abordado por olheiros e virou modelo. Na profissão, morou em Milão, Paris e Nova York. Só que não eram apenas as passarelas que encantavam Carneiro. “Eu ficava nos bastidores olhando as roupas, as costuras, pensando sobre moda”.
Tudo isso ajudou Carneiro a desenvolver a Splash, marca de roupas que começou em um quiosque de seis metros quadrados no Brás, em São Paulo, e que agora vai faturar 80 milhões de reais e lançar um sistema de franquias.
Quando deixou de ser modelo, Carneiro voltou a Santa Catarina para terminar o curso de arquitetura. Formado, atuou numa multinacional desenhando boca de lobo e tampa de bueiro. Foi a primeira experiência corporativa, mas o então arquiteto estava insatisfeito. Decidiu sair do emprego fixo para entrar como sócio em um showroom de marcas que eram vendidas para lojistas. Sem muita experiência comercial, porém, quebrou.
“Eu tinha um bom histórico financeiro antes, limite alto no cartão de crédito, mas usei tudo e quebrei”, diz.
De lá, foi trabalhar mais diretamente no mundo da moda, numa confecção plus size de Santa Catarina. Lá, pegou a empresa no vermelho, mas conseguiu reverter os números e, em três meses, já estava faturando 300.000 reais. “A gente esquematizou e aumentou a produção, impulsionamos as vendas, foi tudo muito bem”, afirma. “Mas eu não era sócio do negócio, só funcionário”.
Decidiu, então, tentar empreender mais uma vez, longe da moda. Abriu com o então marido uma loja de pão de queijo nos Jardins. Mas como o modelo de negócio exigia que trabalhassem muito nos fins de semana e feriados, cansou. E entendeu que o seu negócio mesmo era moda. Em 2016, pegou 17.000 reais que sacou do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e decidiu alugar um box no Brás para vender roupas - dessa vez que fabricaria.
“No primeiro dia, tínhamos 50 peças de roupa e vendemos todas. No segundo dia, tínhamos 30, vendemos tudo também”, diz. “Na primeira semana, já tínhamos vendido tudo. Meu ex-marido também gostava de moda e decidimos apostar nisso”.
Foi assim que nasceu a Splash, em 2016. Carneiro começou a focar na fabricação das roupas, e o ex-marido na comercialização, esquema de divisão de trabalho que segue até hoje. “Foi um movimento natural da gente, cada um por aptidão”.
Sete anos depois, a empresa ganhou escala. Hoje, produz roupas femininas para o público de alta renda. Nessa trajetória, já vestiu celebridades como Anitta, Xuxa e Susana Vieira. “Pessoal pergunta como chegamos nas celebridades, mas não chegamos. Elas que vieram até nós por causa do nosso produto”, diz. “Entra no Instagram, vê que a marca é bacana e quer comprar”.
Atualmente, a empresa fabrica 50.000 peças de roupas por mês, entre vestidos, macacões, bodys e calças de alfaiataria. São 400 funcionários diretos e outros 2.000 indiretos. A atual fábrica fica no Bom Retiro, bairro tradicional de confecções na capital paulista, e tem 2.500 metros quadrados, mas está de mudança para uma nova operação, de 8.000 metros quadrados.
Veja alguns números do negócio:
Carneiro entende que parte do seu crescimento vem atrelado a qualidade do produto e ao preço que pratica. “Eu só vendo roupa que entendo que vale a pena comprar, que a cliente não vai ficar chateada”, afirma. Mas também presta atenção no preço: apesar de ser um produto focado na alta renda, os preços são bem mais competitivos do que os de grandes grifes internacionais.
“Foi um dos fatores para Splash ter esse crescimento exponencial”, afirma. “Na pandemia, também começamos a fazer mais produtos de alfaiataria, que hoje representam 50% das nossas vendas, foi um novo nicho importante para a gente”.
Em 2023, a expectativa do grupo é faturar 80 milhões de reais. O montante é 43% maior do que as receitas de 2022.
Agora, para crescer ainda mais, querem espalhar lojas da Splash por aí pelo modelo de franquia. “Toda a estrutura do negócio já está finalizada e formatada, e agora estamos entrevistando os candidatos interessados em serem franqueados”, afirma. De acordo com o empresário, neste ano, a projeção é a de vender as duas primeiras unidades e, em 2024, 15 franquias, com expansão não apenas nacional, mas por países da América Latina.
“Quero ser mundial, quero que as pessoas me vistam no mundo inteiro”, diz. “E para isso, preciso ser estratégico. Quer fazer roupa bonita, com potencial de venda. Isso tudo eu penso. Se for algo que eu acho que as pessoas forem achar brega, não faço. E estamos só no começo da trajetória”.