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Greve e demissões afetam obra de refinaria da Petrobras

Ao voltarem para o trabalho nesta segunda-feira, os trabalhadores grevistas souberam que estavam demitidos, segundo o sindicato


	Obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco: o início das operações já foi adiado cinco vezes
 (Oscar Cabral/VEJA)

Obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco: o início das operações já foi adiado cinco vezes (Oscar Cabral/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 19h18.

Rio de Janeiro - A demissão de centenas de operários das obras da Refinaria Abreu e Lima ocorrida nesta segunda-feira, após uma greve deflagrada nas últimas semanas, pode atrasar ainda mais o cronograma de uma das principais obras da Petrobras.

A paralisação iniciada em 1o de agosto foi encerrada por ordem judicial. Ao voltarem para o trabalho nesta segunda-feira, os trabalhadores souberam que estavam demitidos, segundo o sindicato.

A greve deste mês foi somente mais uma registrada nas obras da Abreu e Lima. De acordo com uma fonte próxima à Petrobras, os protestos do último ano e meio paralisaram em pelo menos 60 dias as obras da Rnest, como também é chamada a Abreu e Lima.

E a retomada dos trabalhos após as greves, segundo a fonte que preferiu não ser identificada, ocorrem em ritmo mais lento, atrasando ainda mais os trabalhos.

O início das operações da Abreu e Lima já foi adiado cinco vezes. O cronograma inicial da refinaria, em construção no Estado de Pernambuco, previa a partida do primeiro trem de refino em novembro de 2011. Hoje, a previsão é de que a refinaria fique pronta somente em novembro de 2014, segundo a Petrobras.


O custo inicial do projeto, segundo dados oficiais do plano de negócios da estatal para o período 2012-2016, era de 2,3 bilhões de dólares. Atualmente o seu custo total já chega 20,1 bilhões de dólares, ou nove vezes o valor inicial, segundo a estatal.

O atraso da refinaria ocorre em um momento em que a Petrobras atinge recordes de importação de combustíveis que a levaram, juntamente com o câmbio, a um prejuízo trimestral de 1,34 bilhão de reais de abril a junho, o primeiro em 13 anos.

Greve - Nesta segunda-feira, após duas semanas de greve, vários empregados foram demitidos pelos consórcios Conest e Ipojuca e por outras construtoras que prestam serviços à Petrobras na obra. O consórcio Ipojuca é liderado pelas empreiteiras Queiroz Galvão e Iesa. O Conest é formado por Odebrecht e OAS.

As informações sobre o total de demitidos são divergentes. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), cerca de 500 trabalhadores teriam sido dispensados de um total de 44 mil que atualmente trabalham no local.

Mas pessoas ligadas a outros sindicatos disseram que as demissões poderiam chegar a mil.

O assessor do Sintepav, Leodelson Bastos, disse à Reuters que é difícil precisar o número exato de dispensados porque os empregados com menos de um ano de tempo de serviço não precisam ir ao sindicato fazer a homologação da rescisão de seus contratos de trabalho. Fazem isso diretamente com as construtoras.

As demissões teriam sido uma represália das empresas ao comportamento e a manifestações violentas dos trabalhadores.


A greve foi considerada abusiva pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região no dia 6 de agosto, e todos deveriam ter retomado o serviço em seguida.

Mas os empregados não teriam aceitado a decisão e colocado fogo em alguns ônibus e promovido outros atos de vandalismo.

O Sintepav disse não ter nenhuma relação com essas manifestações.

A Petrobras disse que não se pronunciaria sobre as demissões, e as empresas prestadoras de serviços à estatal não tinham porta-vozes disponíveis imediatamente para comentar o assunto.

Problemas - O projeto de construção da Refinaria Abreu e Lima foi lançado em 2005 em cerimônia com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Pelo acordo, a estatal venezuelana PDVSA teria 40 por cento do empreendimento.

A Petrobras já construiu sozinha mais da metade do projeto, e o investimento venezuelano ainda não foi feito. A Petrobras e o governo brasileiro já adiaram em pelo menos quatro vezes o prazo para que a PDVSA assuma sua fatia na Rnest.

O acordo inicial previa um projeto com dois trens de refino, um para o petróleo brasileiro do Campo de Marlim, da bacia de Campos, e um segundo para processar o óleo de Carabobo, na Venezuela, mais pesado.

Atualmente a refinaria está preparada somente para o óleo brasileiro.

Para receber o petróleo mais pesado do país vizinho, seria necessário um investimento extra de 300 milhões de dólares em uma planta de redução de enxofre.

Para formalizar a parceria, a PDVSA precisaria acertar as garantias de um empréstimo feito junto ao BNDES e também colocar 40 por cento do que foi gasto no projeto.

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