Tanque da Petrobras: movimento tem chamado a atenção de operadores do mercado de petróleo no exterior, com repercussões no preço da commodity (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2015 às 13h13.
Rio de Janeiro - Mais funcionários da Petrobras aderiram à greve nesta quarta-feira, com o movimento agora atingindo 47 unidades marítimas da Bacia de Campos, a principal produtora de petróleo do Brasil, informou o sindicato.
Na terça-feira, a paralisação envolvia 45 unidades na bacia que respondeu por cerca de 65 por cento da produção brasileira de petróleo em setembro.
O movimento tem chamado a atenção de operadores do mercado de petróleo no exterior, com repercussões no preço da commodity, que fechou em alta acentuada na terça-feira e começou os negócios com ganhos nesta quarta-feira.
O movimento na Bacia de Campos teve a adesão nesta quarta-feira da sonda P-16 e da plataforma PCP-2, além do Terminal de Cabiúnas, em Macaé, segundo levantamento do Sindipetro Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
Das 47 unidades, 31 estão com as atividades completamente paralisadas (28 plataformas e três unidades de manutenção e serviço).
Outras sete unidades estão com produção restrita e nove tiveram a operação assumida por equipes de contingência da Petrobras, disse o Sindipetro.
O sindicato não informou qual o impacto da paralisação na produção da Petrobras nesta quarta-feira. Na terça-feira, a Petrobras admitiu em um comunicado uma redução de 8,5 por cento na produção diária de petróleo em relação aos níveis anteriores à greve.
A empresa também destacou que o abastecimento está garantido e que tem tomado medidas para minimizar os impactos da greve.
Na segunda-feira, houve queda de produção de 273 mil barris de petróleo, o que corresponde a 13 por cento da produção diária no país, disse a estatal.
Procurada nesta quarta-feira, a Petrobras não apresentou informações atualizadas sobre a greve e os seus impactos.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) também afirmou na noite de terça que a produção estava interrompida em 13 plataformas marítimas no Rio Grande do Norte e poços terrestres estavam sendo fechados no Estado.
Os 12 sindicatos de petroleiros filiados à FUP, incluindo o Sindipetro-NF, responsável pelos trabalhadores de Campos, iniciaram a greve no domingo. Já a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que reúne outros cinco sindicatos, iniciou a greve na quinta-feira.
Contra desinvestimentos
A mobilização busca principalmente interromper o bilionário plano de venda de ativos da companhia, além da manutenção de direitos dos trabalhadores, em um momento em que a empresa passa por dificuldades financeiras e realiza uma reestruturação.
A FUP também afirma buscar com a greve a retomada dos investimentos da Petrobras, a manutenção dos empregos, a "defesa das conquistas que o país garantiu nos últimos anos" e a garantia de condições seguras de trabalho.
A greve também inclui terminais de combustíveis, refinarias, unidades de processamento de gás natural, edifícios sede, dentre outras unidades.
Em entrevista à Rádio NF, o diretor do Sindipetro-NF, Tadeu Porto, afirmou nesta quarta-feira que a paralisação está sendo "vitoriosa", com impactos na produção da empresa. O sindicalista ressaltou a repercussão internacional da greve.
"O mundo inteiro hoje está olhando para a Bacia de Campos, isso é graças a categoria petroleira... que teve coragem de fazer um movimento que não contemple só as conquistas e benefícios individuais da categoria, mas todo um projeto de Brasil... é uma revolução que a gente está vivendo", afirmou.