Linha da Grendene: empresa reposicionou os produtos para obter lucro recorde (FABIO MANGABEIRA)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2011 às 21h00.
São Paulo – Depois de atingir um lucro líquido de 312,4 milhões de reais no ano passado, o maior já registrado em sua história, a Grendene pretende aumentar seus lucros de 12% a 15% ao ano até 2015. Para alcançar esse resultado, a Grendene planeja manter a estratégia atual e confia que o aquecimento da economia brasileira vai ter um papel importante na ampliação de suas vendas. Em relação a 2009, o lucro da companhia ficou 14,8% maior em 2010.
Os investimentos para a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas e a exploração do pré-sal são as grandes alavancas do poder de compra da população, principalmente das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e são eles que vão garantir o crescimento da companhia, afirma o diretor de relações com investidores da Grendene, Francisco Schmitt. “O consumo do brasileiro ainda é relativamente baixo em relação a calçados. O que a gente enxerga é que, com o crescimento da renda, ascensão das classes e melhoria das condições de vida, esse mercado deve crescer em 300 milhões de pares nos próximos 5 anos. Isso representa um acréscimo de quase 50% no consumo aparente”, diz.
Em 2010, a Grendene voltou seu foco para as melhorias na produtividade e nos processos, trocou equipamentos, trabalhou em sua organização interna, redesenhou metas e reposicionou os preços dos produtos a uma base condizente com o cenário econômico do país. Segundo Schmitt, até 2015, a empresa deve manter essa postura e continuar com seu modelo de negócios, que se baseia principalmente no portfólio de marcas com grande escala de produção, na agressividade no setor de marketing e na flexibilidade para atender as necessidades do mercado.
Mercado externo
Apesar de a Grendene ter representado 38,2% de todos os calçados exportados pelo Brasil em 2010, as perspectivas de crescimento para os próximos anos no mercado externo são tímidas. “A taxa de câmbio está bastante desfavorável nos últimos anos e tivemos uma inflação de, dependendo do indicador, cerca de 4,5%. Por isso, nós perdemos competitividade e, cada vez, fica mais difícil apresentar grandes crescimentos na exportação”, afirma Schmitt.
De acordo com o diretor, cerca de 20% das vendas da Grendene são feitas no exterior, mas esse número é muito pequeno em relação ao tamanho do mercado externo e, por esse motivo, as vendas devem diminuir lá fora. Sem ânsia de remar contra o câmbio, as estratégias da empresa para esse mercado também continuarão as mesmas, que deverá manter o espaço para nichos, investir no valor agregado e não tanto no volume de vendas.