Operadores da Bolsa de Nova York; empresas do S&P 500 detêm 1,149 trilhão de dólares em efetivo, segundo a Capital IQ (Mario Tama/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2011 às 17h06.
Nova York - As grandes empresas americanas, que acumulam liquidez desde a crise financeira, estão muito prudentes na hora de investir e contratar, devido às novas turbulências nos mercados.
"Estão muito cautelosas frente aos investimentos e preocupadas de que seja difícil captar em caso de necessidade", explicou à AFP Mitchell Petersen, professor de finanças.
Ainda não está longe a lembrança das linhas de crédito facilmente disponíveis que desapareceram subitamente no outono de 2008, explicou. Os diretores financeiros preferem "guardar seu dinheiro em uma conta bancária" antes de assumir o risco de ficar sem liquidez no caso de todas as fontes se esgotarem.
"As empresas têm um montante muito grande de dinheiro disponível", completou esse professor da Escola de Comércio Kellog da Universidade Northwestern de Chicago.
À margem do setor financeiro, as empresas que integram o índice ampliado Standard and Poor's 500 detêm um total de 1,149 trilhão de dólares em efetivo, segundo a empresa Capital IQ.
As empresas americanas em seu conjunto aumentaram no final de 2010 em 11,2% o montante de suas reservas disponíveis em relação a um ano antes, e isso ocorreu apesar dos "gastos maiores em investimentos, dividendos e fusões, e aquisições", destacava a agência de classificação de risco Moody's em um comunicado do fim de julho.
Os setores que mais economizaram foram o de tecnologia (264 bilhões de dólares de liquidez), farmácia (141 bilhões de dólares), os de energia e o de produtos de consumo (mais de 100 bilhões de dólares cada um).
Apple, Microsoft, Cisco, Pfizer e Google são os grupos que têm os cofres mais cheios.
E com as taxas de juros em seu nível mais baixo, a relação entre a dívida das empresas e sua liquidez disponível "é a mais baixa desde 2006", segundo a agência de classificação.
Os grandes grupos americanos poderão, no entanto, escolher investir, devolver os empréstimos ou distribuir dividendos maiores entre seus acionistas.
Mas em vez disso, "estão em estado de espera, já que o futuro é bastante incerto e sombrio", indicou Petersen. Com a crise da dívida pública na Europa e políticas orçamentárias "muito mais ambíguas" que há alguns anos nos Estados Unidos, os temores acentuam-se.
Um diretor-financeiro ou um presidente de empresa preferem esperar "três, seis meses ou um ano" antes de construir uma fábrica, observou. "Por que investir agora?", quando a perspectiva para os próximos dois anos é muito incerta?
Pelas mesmas razões, as empresas provavelmente colocarão um freio em sua política de contratação de pessoal. "Dado que a economia continua mostrando vacilações, a maioria das empresas não criará postos de trabalho", explica à AFP John Challenger, da empresa de assessoria Challenger, Gray & Christmas.
"Não querem contratar 1.000 pessoas no mês que vem para demiti-las seis meses depois porque a demanda não se concretizou", afirma.
O atual estado dos mercados e a brecha crescente entre as taxas de juros dos empréstimos considerados mais ou menos arriscados, são outros fatores que incitam as empresas a adiar seus investimentos, estima John Lonski, da Moody's Analitics. Para elas, "não é o momento de crescer" e "talvez seja melhor esperar para substituir os equipamentos usados ou obsoletos", assegurava em uma nota na quinta-feira.