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Graça não renuncia, apesar de escândalo na Petrobras

Apesar do escândalo de corrupção descoberto na Petrobras, a direção da estatal não vai renunciar porque conta com a confiança de Dilma, disse Graça Foster

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 16h00.

Rio de Janeiro - A direção da Petrobras não vai renunciar, apesar do enorme escândalo de corrupção descoberto na empresa, porque conta com a confiança da presidente Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira a presidente da companhia, Graça Foster.

"Hoje estou aqui como presidente da Petrobras, enquanto contar com a confiança da presidente e que ela entenda que devo ficar", disse a número um da maior empresa do Brasil, depois de admitir que falou várias vezes com Dilma sobre uma possível renúncia.

"Estamos aqui porque acreditamos neste projeto", acrescentou, ressaltando que ela e os demais diretores devem ser investigados de forma prioritária.

A empresa contratou consultores independentes para investigar líderes da estatal e suas subsidiárias, para que "entrem em seus armários, deem uma olhada em todos os papeis, levem seu computador, seu iPhone, seu iPad. E isso é muito bom, é uma investigação independente, é apolítica", considerou.

"Mas não basta essa investigação; precisamos dar garantias ao mercado, aos nossos acionistas, aos que investem na Petrobras", afirmou. Por isso, serão tomadas 66 medidas gerenciais para melhorar a governança da empresa, incluída a criação de uma nova diretoria que se encarregará de velar pelo cumprimento da lei.

A presidente da Petrobras também disse que a corrupção descoberta no seio da empresa obrigou a estatal a melhorar sua administração.

"Estamos enfrentando a Operação Lava Jato, que fará com que a empresa fique muito melhor do que antes", disse Foster.

O ano foi nefasto para a Petrobras: o desvio de milhões de dólares descoberto na empresa se soma à depreciação do real, que impacta negativamente na dívida da empresa (nominada em cerca de 80% em dólares), e à queda do preço internacional de petróleo de quase 50% desde junho, para aproximadamente 60 dólares o barril.

O valor de mercado da petroleira caiu à metade em três meses, e o balanço de seus resultados do terceiro trimestre não foi confirmado por uma auditoria internacional, o que dificulta a captação de capital.

Menos gasto, mais economia

Pela primeira vez em seus 61 anos de vida, a Petrobras não teve seu balanço de resultados auditado internacionalmente devido a denúncias de corrupção.

"Consideramos prudente que não fosse apresentado ainda porque (...) podem haver outras informações e aí deveríamos informar outras baixas no patrimônio líquido da empresa", alertou a presidente em referência às novas delações dos acusados de corrupção.

A empresa trabalha agora na confecção de um novo balanço que estaria pronto no dia 30 de janeiro.

Para 2015, Foster admitiu que a petroleira controlada em sua maioria pelo Estado brasileiro deverá "desacelerar alguns de seus investimentos" para ver se consegue "passar um ano 2015 sem captações" de fundos no mercado. "Economia, economia, economia. Gastar menos e fazer mais" é a meta, disse.

No entanto, o diretor de Exploração e Produção José Miranda Formigli disse que apesar do cenário pessimista "a rentabilidade do pré-sal continua garantindo a continuidade dos projetos".

O escândalo explodiu em março, quando na operação policial "Lava Jato" um ex-diretor da empresa que revelou desvios milionários na empresa foi preso.

Mais de 35 pessoas, em sua maioria altos executivos das principais empreiteiras brasileiras, foram acusados de formar um cartel que divida contratos na Petrobras, e serão julgados. As empresas pagavam preços até 6% mais altos nos contratos destinados a pagar subornos e financiar políticos, segundo as denúncias.

Dezenas de políticos de três partidos, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT), foram envolvidos no escândalo, mas até agora nenhum foi acusado formalmente.

A polícia estima que mais de 4 bilhões de dólares foram desviados em uma década.

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