O ex-ministro da Defesa e novo diretor-geral de Itaipu Binacional, general Silva e Luna (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 10h24.
Última atualização em 18 de janeiro de 2019 às 12h37.
Brasília - Mais um general vai ocupar um cargo estratégico no governo Jair Bolsonaro. Ministro da Defesa da gestão de Michel Temer, Joaquim Silva e Luna foi escolhido para ocupar a direção-geral da Itaipu Binacional, usina hidrelétrica que pertence ao Brasil e ao Paraguai.
A nomeação do general Silva e Luna foi confirmada por fontes do Palácio do Planalto e do Ministério de Minas e Energia, ao qual a empresa está vinculada.
Os procedimentos para a nomeação do general Silva e Luna estão em andamento há pelo menos duas semanas.
Várias reuniões já foram realizadas na pasta de Minas e Energia para discutir o que o novo governo quer da administração brasileira na empresa, que esteve na mão do representante do PT Jorge Samek durante 14 anos e, agora, está sob a direção de Marcos Stamm, que assumiu o cargo em abril de 2018, indicado pelo ex-presidente Temer.
O último militar a assumir a Itaipu foi Ney Braga (1985-1990). O diretor-geral de Itaipu ganha aproximadamente R$ 80 mil mensais, recebe entre 14 e 15 salários por ano, tem plano de saúde sem custo para toda família e mais plano de aposentadoria.
De acordo com informações obtidas pelo Estado, há uma grande preocupação com o aparelhamento que existe na empresa.
A ideia é seguir a orientação geral do Planalto, de verificar em que áreas estão concentradas as nomeações políticas feitas ainda pela administração petista, mas não só por ela, como também pelos demais partidos, inclusive o MDB, de Temer.
Há preocupação também com a forte influência das administrações do governo do Paraná na empresa binacional.
Um dado que reforça a tese do atual governo de que é muito forte a influência política do governo do Paraná sob a administração da Itaipu brasileira é que cresceu de 16 para 54 o número de municípios do Estado que recebem royalties de Itaipu.
Todos os atos administrativos da parte brasileira serão revistos, principalmente nas áreas de segurança e de coordenação. A área financeira também terá um novo comando.
O governo Bolsonaro quer tirar toda a influência política que exista na empresa, deixando-a com foco na sua atividade-fim, que é a geração de energia.
Durante a administração petista, foram criadas várias áreas de atuação que não têm a ver com a atividade-fim da usina, abrindo um leque de ações que estariam sendo usadas para beneficiar grupos políticos.
É o caso, por exemplo, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), instalada em Foz do Iguaçu e criada em janeiro de 2007 com apoio da usina.
Uma das questões relevantes de discussão da nova administração é em relação à revisão do "Anexo C" do Tratado de Itaipu. Em 2023, o atual tratado completa 50 anos e, com isso, será encerrado o pagamento anual de US$ 2,2 bilhões referente à dívida de Itaipu.
Esse valor representa 62% das despesas da usina. Esse tratado cuida da parte do financiamento da empresa, que estará totalmente paga em 2023.
A partir daí, o governo brasileiro terá de fazer diversas negociações para definir o investimento dos recursos que ficarão disponíveis pelos dois países - Brasil e Paraguai - para definir os novos investimentos pela binacional.
A renda de Itaipu é de US$ 3,8 bilhões por ano e 62% desse montante é destinado ao pagamento da dívida de seu financiamento.