JAC Motors: sem sócios, empresa chinesa cortou investimentos no Brasil de R$ 1 bilhão para R$ 200 milhões (Bloomberg/Qilai Shen)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2016 às 09h29.
São Paulo - O governo decidiu cancelar nesta terça-feira, 31, a participação da montadora chinesa JAC Motors no Inovar Auto, programa de incentivo à inovação tecnológica no setor automotivo por meio do qual as empresas podem ter desconto de até 30 pontos porcentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) caso se comprometam com uma série de investimentos no País.
Em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) alega que a empresa até hoje não cumpriu o cronograma "físico-financeiro" de seu projeto de investimento.
O governo diz ainda que o descumprimento se manteve mesmo após "inúmeros" contatos.
De acordo com a portaria, a empresa foi notificada com 10 dias de antecedência para que pudesse apresentar elementos que comprovassem a execução do projeto que lhe permitiu a adesão ao programa, o que, segundo o governo, não foi feito.
A JAC Motors, que veio em 2011 ao Brasil com o plano de instalar uma fábrica na Bahia e aproveitar o apetite do brasileiro para comprar carros, anunciou em fevereiro passado a redução do investimento previsto para a construção do empreendimento.
O montante caiu de R$ 1 bilhão para R$ 200 milhões.
A redução ocorreu porque o governo chinês, inicialmente o principal sócio do negócio, decidiu não investir mais na fábrica.
Antes, os chineses eram responsáveis por 66% da JAC no Brasil, enquanto o grupo brasileiro SHC detinha os outros 34%, segundo a assessoria de comunicação da montadora.
Nos últimos meses, as duas partes resolveram inverter a composição e a SHC passou a responder por dois terços do projeto.
A assessoria de imprensa da JAC informou ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado) que a decisão do governo não interfere nas operações da marca no Brasil.
A cota de importação livre dos 30 pontos adicionais de IPI à qual a montadora tem direito, de 4,8 mil unidades este ano, está mantida.
Além disso, está mantida a previsão de iniciar a operação da fábrica na Bahia no primeiro trimestre do ano que vem.
A montadora ainda deve divulgar uma nota oficial mais tarde, mas é provável que anuncie a tentativa de reverter a decisão do governo.
A opção do governo chinês por deixar de investir se deve a uma decepção com o mercado brasileiro de veículos.
Em 2012, os brasileiros compraram cerca de 3,8 milhões de unidades e a expectativa da JAC era de que, em 2016, esse volume saltasse para cerca de 5 milhões.
Tanto que, no projeto inicial da fábrica, a ideia era que a produção tivesse uma capacidade máxima de 100 mil unidades por ano.
Agora, com a redução do investimento, a capacidade cairá para 20 mil veículos por ano.