SAN FRANCISCO: EdTech, GovTech e HealthTech são destaques da Brazil Conference nesta terça-feira / Steve Proehl/Getty Images (Steve Proehl/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2019 às 08h00.
Última atualização em 21 de junho de 2019 às 08h00.
O Google prometeu investir US$ 1 bilhão nos próximos 10 anos para ajudar a aliviar a crise de moradias na Baía de São Francisco, no estado da Califórnia.
A gigante da tecnologia pretende redirecionar US$ 750 milhões de seus próprios terrenos para uso residencial, permitindo assim a construção de pelo menos 15 mil moradias, disse o CEO do Google, Sundar Pichai, no blog da empresa na terça-feira. Outros US$ 250 milhões serão destinados a incentivos para que incorporadoras construam pelo menos 5 mil casas de preço acessível.
O sucesso do Google e de outras empresas de tecnologia do Vale do Silício contribuiu para a disparada dos preços de moradias na Baía de São Francisco. O setor emprega dezenas de milhares de pessoas de alta renda que compraram ou alugaram imóveis, deixando menos opções para os moradores pobres e de renda média. Ao mesmo tempo, a oferta de novas casas e apartamentos não acompanhou a demanda.
"Nosso objetivo é ajudar comunidades a prosperar a longo prazo e garantir que todos tenham acesso a oportunidades, independentemente de trabalharem ou não em tecnologia", disse Pichai. O executivo destacou que apenas 3 mil moradias foram construídas na área da Baía do Sul no ano passado.
O Vale do Silício é o mercado imobiliário mais caro dos Estados Unidos, com preço médio de imóveis de US$ 1,2 milhão. A área metropolitana de São Francisco e Oakland é a segunda mais cara, com preço médio de US$ 930 mil, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis.
O comprometimento financeiro do Google é significativo, porém, mais empresas e organizações precisarão se mobilizar para realmente melhorar o acesso às moradias na Baía de São Francisco, disse Ray Bramson, diretor de impacto da organização Destination: Home.
Um desafio para o Google será persuadir as cidades a apoiar o rezoneamento de terrenos para moradias. Por causa de uma lei de 1978 que limita os aumentos de impostos sobre residências, os municípios geralmente obtêm mais receita com estabelecimentos comerciais do que com residências, segundo Margaret O’Mara, professora de história da Universidade de Washington e autora do livro "The Code: Silicon Valley and the Remaking of America".
O Google não é a primeira gigante de tecnologia a investir na crise imobiliária. A Microsoft disse em janeiro que planejava destinar US$ 500 milhões para construir moradias populares e aliviar o déficit habitacional na área de Seattle, perto da sede da empresa.
"Eles não são altruístas, sem fins lucrativos, são empresas com fins lucrativos", disse O’Mara. "Estão investindo em algo que vão se beneficiar não apenas em termos de notícias positivas."
A organização filantrópica de Mark Zuckerberg, dono do Facebook, e de sua esposa, Priscilla Chan, também apoia iniciativas para resolver a falta de moradias na Baía de São Francisco.
--Com a colaboração de Kara Wetzel.