Consumidor testa o termostato digital da Nest Labs: companhia foi a última aquisição do Google, por US$ 3,2 bilhões (David Paul Morris/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2014 às 15h46.
San Francisco - A Google, a empresa que lidera as buscas na internet, ganhou um novo superlativo: a que faz mais negócios.
Desde a compra de uma desenvolvedora de termostatos digitais até a venda de uma unidade de telefonia celular, a Google realizou mais negócios que qualquer outra empresa no mundo nos últimos três anos, segundo dados compilados pela Bloomberg até janeiro. A empresa de publicidade WPP foi a segunda, seguida pela fabricante de chips Intel. A Google havia ficado em 13º lugar nesse mesmo quesito nos três anos anteriores.
Desde que assumiu o cargo de CEO em 2011, Larry Page, um dos fundadores da empresa, empurrou a Google para além dos anúncios na internet. Ele usou o caixa da empresa, que totalizou US$ 58,7 bilhões no último trimestre, para investir em dispositivos conectados, em uma empresa de serviços executivos e em aplicativos para aparelhos móveis. O grupo de fusões e aquisições, liderado por Don Harrison, expandiu-se em pelo menos 50 por cento nos dois últimos anos, disse uma fonte com conhecimento sobre a unidade. Enquanto isso, a Google Ventures se tornou uma grande investidora em startups e um novo grupo chamado Google Capital financia empresas later stage (consolidadas e com perspectiva de abertura de capital em bolsa).
“Eles estão realmente começando a parecer uma máquina de fazer negócios”, disse Maha Ibrahim, sócio da empresa de capital de risco Canaan Partners em Menlo Park, Califórnia, que participou de investimentos com a Google Ventures e a Google Capital. “Como eles têm uma base de interesses tão diversificada, você vê essas aquisições chegando com pouca relação, aparentemente, com o negócio de publicidade”.
Negociações
Incluindo aquisições, investimentos e o ocasional desinvestimento, a empresa com sede em Mountain View, Califórnia, participou de 127 negociações nos últimos três anos, mais que o dobro do número entre janeiro de 2008 e janeiro de 2011, segundo os dados. Embora o valor total dos negócios fechados pela Google tenha subido para US$ 17,6 bilhões, ainda é inferior ao de empresas como General Electric Co., com US$ 19,9 bilhões, e Blackstone Group LP, com US$ 62,3 bilhões, mostram os dados. Isso inclui investimentos que vieram de outras empresas e exclui alguns negócios de risco que continuam não revelados.
A Intel, que também tem uma unidade de operação de capital de risco, liderou o período anterior de três meses com 104 negócios e caiu para terceiro no período mais recente, com 121 transações.
No mês passado, a Google fechou um acordo para comprar a fabricante de termostatos digitais Nest Labs por US$ 3,2 bilhões, movendo-se em direção ao hardware. Para reforçar seus experimentos em robótica, a Google adquiriu a Boston Dynamics em dezembro, somando-a a várias outras aquisições no setor no ano passado, e comprou a DeepMind Technologies Ltd., um desenvolvedora de inteligência artificial com sede em Londres, em janeiro.
Alcance amplo
A onda de investimentos está levantando a preocupação de que a Google tem uma vantagem injusta sobre concorrentes menores porque tem muitos relacionamentos e conhece o funcionamento interno de muitas indústrias, disse Marc Rotenberg, diretor-executivo do Centro de Privacidade e Informação Eletrônica em Washington. A Google controla dois terços do mercado de buscas dos EUA e tem mais de 1 bilhão de usuários em seu serviço de vídeos YouTube.
“Cada vez mais se escuta a pergunta: por que não há uma apuração maior das práticas da Google?”, disse Rotenberg.
A Google precisa encontrar novos mercados depois que o crescimento das vendas desacelerou para 19 por cento no ano passado, contra 37 por cento em 2012. Além da receita somada com as aquisições, os investimentos têm o potencial de fornecer uma compreensão dos mercados emergentes ou das tecnologias promissoras que a Google de outra maneira não veria.
“Eles realmente estão por toda parte”, disse Ethan Kurzweil, sócio da Bessemer Venture Partners em Menlo Park. “Toda estratégia que você possa imaginar que uma empresa empregue, eles estão empregando, de uma forma ou de outra”.