O banco antecipou a previsão para o pico da demanda por petróleo no setor de transporte em um ano, para 2026, se não antes, em grande parte devido à adoção acelerada de veículos elétricos (Nick Oxford/Reuters)
Leo Branco
Publicado em 16 de abril de 2021 às 09h40.
Última atualização em 16 de abril de 2021 às 09h42.
O Goldman Sachs entra para a lista de empresas que agora veem o pico da demanda por petróleo mais perto.
O banco antecipou a previsão para o pico da demanda por petróleo no setor de transporte em um ano, para 2026, se não antes, em grande parte devido à adoção acelerada de veículos elétricos.
O consumo total de petróleo continuará se expandindo nesta década devido ao combustível de aviação e produtos petroquímicos, mas o crescimento terá ritmo “anêmico” após 2025.
O Goldman se une ao grupo de especialistas que tentam prever o fim do crescimento da demanda por petróleo. Entre as estimativas mais drásticas está a da BP.
No ano passado, a petroleira britânica disse que a era de expansão da demanda por petróleo já pode ter acabado. Já a Agência Internacional de Energia tem uma visão mais conservadora do que a BP, ao prever que a demanda deve atingir um platô por volta de 2030.
Mais recentemente, a Wood Mackenzie alertou sobre os “graves” riscos para petrolíferas que não se prepararem para uma transição energética acelerada. Se os governos agirem de forma ambiciosa para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em linha com o Acordo de Paris, o consumo de petróleo começará a diminuir já em 2023.
“Políticas governamentais que impulsionam maiores ganhos de eficiência e menores emissões tiveram maior influência na demanda por transporte rodoviário”, disseram analistas do Goldman, como Nikhil Bhandari e Damien Courvalin, em relatório.
“Petroquímicos se tornarão a nova base para a demanda por petróleo, impulsionada pelo crescimento econômico e aumento do consumo, especialmente nos mercados emergentes.”
Se o pico da demanda por petróleo não for atingido nesta década será em grande parte devido ao crescimento econômico em mercados emergentes, enquanto em mercados desenvolvidos, o Goldman prevê que a demanda total de petróleo nunca retornará aos níveis de 2019.
A redução da demanda do transporte rodoviário, que responde por 43% do consumo total de petróleo, também é acentuada pela transição rumo ao trabalho remoto permanente após a pandemia, disse o relatório.
Metas de cortes de emissões mais rigorosas nos EUA e na Europa reforçam as perspectivas para o maior uso de veículos elétricos, que, se adotados em um ritmo ainda mais rápido, podem fazer com que a demanda do transporte rodoviário atinja o pico um ano antes do cenário-base do banco.
Ao mesmo tempo, preços do petróleo significativamente mais altos também podem antecipar o pico da demanda total de petróleo, segundo o Goldman.
Para outros players da indústria de petróleo e gás, o fim do crescimento da demanda ainda está um pouco distante, e o combustível fóssil ainda será necessário enquanto países trabalham em direção a seus objetivos ambientais.
O diretor-presidente da Pioneer Natural Resources, Scott Sheffield, previu o pico do consumo em 2035 durante a cúpula da BloombergNEF no início desta semana.