Goldman Sachs: investidores estrangeiros acreditam que terão bons negócios para fechar nos próximos meses (Brendan McDermid/Reuters)
Tatiana Vaz
Publicado em 20 de agosto de 2015 às 15h48.
São Paulo – Quando leva algumas das notícias preocupantes do Brasil para o controle global do Goldman Sachs, Paulo Leme, presidente do banco no país, sempre recebe uma reposta tranquilizadora.
Esse mercado tem um potencial enorme e sabemos que esse cenário é passageiro. Vários outros mercados em que atuamos tem problemas bem mais graves, ele garante escutar.
“O Brasil não é visto como um país problema para os negócios do banco, mas como um lugar de oportunidades”, disse Leme hoje, em encontro com jornalistas. “Investidores estrangeiros com visão global e grandes empresários também confiam nisso”.
Para Leme, o país tem instituições e negócios muito sólidos, o que dá confiança para trabalhar “mesmo agora, quando as regras do jogo não estão claras” ou em um caso de impeachment.
Os negócios, segundo ele, não deixam de acontecer, apenas se adaptam às condições de mercado.
Se antes operações de abertura de capital e aquisições de vários tamanhos eram fechadas com mais frequência, hoje a tendência é a de venda de participações acionárias e de ativos, em todos os setores.
A quantidade de fusões e aquisições tende a diminuir. Porém, grandes negócios devem ser concluídos – como o da recente compra do HSBC pelo Bradesco, cujo Goldman participou.
“O banco enxerga oportunidades e está pronto para qualquer cenário”, disse.
A julgar pelos resultados do banco, ganhar dinheiro realmente não tem sido um problema.
Lucro triplicado
O lucro líquido da operação Brasil do Goldman Sachs quase triplicou de janeiro a junho, comparado ao primeiro semestre de 2014.
O resultado saiu de 35,1 milhões de reais para 101,6 milhões de reais. Os ganhos foram atribuídos ao amadurecimento de todas as áreas de negócios, como a de banco de investimento e renda fixa, além da diminuição de despesas.
O número de funcionários, de cerca de 300, se manteve estável. A receita do banco subiu quase 50% no período.
A parte de equity caiu em volume de capital estrangeiro, enquanto que a de renda fixa subiu. Para frente, a expectativa é animadora.
“Nossa missão, entre outras coisas, é conectar investidores e empresários brasileiros a estrangeiros e vice-versa”, explica Leme.
Em cenário de estresse, a oferta de ativos por parte de empresas brasileiras, de diversos setores, tende a aumentar, acredita o banco. As oportunidades devem surgir de todos os setores, mais acentuadas a partir dos próximos 18 meses.
"A crise pode ter adiantado ou atrasado o tempo de conclusão de alguns negócios, mas eles não vão deixar de acontecer”, acredita ele.