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Goldman faz empréstimo de US$ 125 milhões para Mercado Livre

Mercado Livre domina o comércio eletrônico latino-americano, com quase 25% de participação no mercado e 40 milhões visitantes mensais únicos

Mercado Livre: comércio eletrônico de varejo da América Latina deve aumentar de 13% a 16% ao ano nos próximos 5 anos (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Mercado Livre: comércio eletrônico de varejo da América Latina deve aumentar de 13% a 16% ao ano nos próximos 5 anos (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 13h35.

Última atualização em 2 de dezembro de 2019 às 13h50.

São Paulo — O Goldman Sachs Group Inc. decidiu emprestar US$ 125 milhões ao Mercado Crédito, no que será o terceiro empréstimo do banco a uma fintech latino-americana este ano e o maior de todos os tempos no México.

O tomador, uma subsidiária do Mercado Livre, planeja usar o dinheiro para triplicar em cerca de um ano seu portfólio de US$ 100 milhões em capital de giro fornecido a pequenas e médias empresas no México, disse Martin de los Santos, vice-presidente sênior, em entrevista por telefone.

O objetivo é “democratizar os serviços financeiros”, emprestando a empresas que não têm outro acesso a financiamento, disse ele.

O Mercado Livre domina o comércio eletrônico latino-americano, com quase 25% de participação no mercado e 40 milhões visitantes mensais únicos, disse Julie Chariell, analista sênior da Bloomberg Intelligence, em relatório de novembro. A empresa está sediada na Argentina, mas quase dois terços de sua receita líquida de US$ 603 milhões no terceiro trimestre vieram do Brasil, de acordo com as demonstrações financeiras. Seu valor de mercado mais que dobrou este ano, para US$ 29 bilhões.

A subsidiária Mercado Crédito foi lançada em 2016 para fornecer crédito aos clientes de sua controladora e aos clientes que utilizam sua plataforma de pagamento on-line, Mercado Pago, no Brasil, Argentina e México. A empresa, que desenvolve modelos proprietários de risco de crédito, concedeu mais de US$ 610 milhões em linhas de crédito de capital de giro a mais de 270.000 empresas na América Latina. Também ofereceu cerca de US$ 200 milhões em empréstimos ao consumidor.

O empréstimo do Goldman não será usado para financiar empréstimos no Brasil, onde o Mercado Crédito levantou R$ 245 milhões de investidores, incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, ou na Argentina, onde a empresa se financia no mercado de capitais, afirmou Santos. Antes do empréstimo do Goldman, o Mercado Crédito vinha usando apenas seu próprio capital para fornecer crédito a empresas no México.

“Queríamos não apenas o capital do Goldman, mas também a experiência que o banco tem nesse tipo de transação na América Latina”, disse Santos, acrescentando que espera “trabalhar com o banco no futuro para financiar outras carteiras, incluindo operações de consumo no México e outros mercados”.

O comércio eletrônico de varejo da América Latina deve aumentar de 13% a 16% ao ano nos próximos cinco anos, com penetração de apenas 2,4% do total de vendas no varejo na região, disse Chariell em um relatório de junho.

“O Mercado Crédito tem uma maneira única de levar o fluxo de capital para empresas que tradicionalmente não têm acesso a financiamento”, de acordo com Santiago Rubin, diretor-gerente do Goldman Sachs, responsável para área de tecnologia, mídia e telecomunicações da América Latina.

Taxas altas de inadimplência, no entanto, são uma preocupação para os analistas. “A qualidade do crédito deteriorou-se significativamente no Brasil”, disseram analistas do Banco Itaú BBA SA em um relatório de 1º de novembro que atribuiu parte da culpa ao crédito ao consumidor e empréstimos a usuários de máquinas que passam cartões de crédito no celular.

Santos disse que não está preocupado. A carteira de empréstimos a consumidores no Brasil é inferior a 8% do total, e totalmente nova, tendo começado há apenas nove meses, disse ele.

O acordo com a Goldman segue um investimento de US$ 750 milhões da PayPal Holdings Inc. e US$ 100 milhões da Dragoneer Investment Group que faziam parte de uma oferta US$ 1,85 bilhão em ações que o Mercado Libre fez neste ano.

O empréstimo do Goldman está sendo feito por meio da área de finanças estruturadas, investimentos e empréstimos do banco, com sede em Nova York, liderada por Ram Sundaram. Foi a mesma área que em agosto forneceu uma linha de crédito garantida de até US$ 100 milhões à fintech mexicana Konfio Ltd.

Também neste ano, o grupo de situações especiais do Goldman concordou em fornecer à Credijusto Inc. do México uma linha de US$ 100 milhões.

O grupo de situações especiais do banco também fez um empréstimo à empresa brasileira de cartões de crédito Nu Pagamentos SA, conhecida como Nubank. O empréstimo foi de R$ 200 milhões em 2016 e em agosto de 2017 foi ampliado para R$ 455 milhões em um acordo com o Fortress Investment Group. Todo o empréstimo foi pago pelo Nubank.

“Estamos ansiosos para continuar apoiando o Mercado Livre em toda a região, à medida que sua carteira de empréstimos aumenta”, disse Sundaram, que também supervisiona os mercados emergentes e negócios de commodities da Goldman Sachs.

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