Negócios

Gol e TAM trocam guerra de preços por melhores serviços

Mercado aquecido leva companhias a focar no incremento dos serviços de bordo, segundo analistas

Aviões das companhias em Congonhas: sem guerra de preços este ano (./VEJA)

Aviões das companhias em Congonhas: sem guerra de preços este ano (./VEJA)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - Diferente da tradicional disputa de preço que as companhias aéreas travam todos os anos, a competição do setor em 2010 deve ser marcada pela oferta de serviços diferenciados. De acordo com analistas do setor de aviação ouvidos pelo site da EXAME, a tendência é que as líderes do setor, TAM e Gol, facilitem o pagamento de passagens, por exemplo, em vez de baixar suas margens para ganhar em escala.

O que sustenta a avaliação dos analistas é a mudança do cenário em relação ao ano passado. Em 2009, quando a procura por transporte caiu por conta da crise financeira mundial, as companhias aéreas optaram por baixar preços no segundo semestre do ano para, assim, garantir a procura por vôos domésticos e internacionais.

"Não havia saída, era preciso acirrar a guerra de preços para atrair consumidores que deixaram de optar pelo transporte aéreo em tempos de crise", afirma Felipe Rocha, analista do setor aéreo da Link Investimentos. A queda de demanda, a alta da moeda americana e a consequente elevação do preço do combustível tornaram a situação das empresas ainda mais delicada.

Recuperação

Os problemas das aéreas, no ano passado, podem ser medidos em números. Em maio do ano passado, por exemplo, o total de passageiros das rotas domésticas caiu 5,5% sobre o mesmo mês de 2008. A TAM e a Gol foram bastante afetadas, com recuos de 13,87% e 12,21%, respectivamente, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A situação deste ano é a oposta. Maio encerrou com um crescimento de 20,2% sobre o mesmo mês do ano passado. A demanda da TAM subiu 9,39%, e a da Gol, 14,89%. "Agora, elas querem voltar a ganhar e crescer no mesmo ritmo de 2008 e, para isso, abaixar muito os preços é prejudicial", diz Rocha.

A disputa das companhias ficaria então concentrada apenas na oferta de serviços diferenciados. Uma das propostas da TAM é o parcelamento das passagens em até 48 vezes sem juros. Já a Gol investe na abertura das lojas Voe Fácil para a venda de passagens para a classe C. "Trata-se de um modelo de baixo custo, com cerca de três atendentes, e com potencial de retorno alto", afirma Brian Moretti, analista de transporte da Planner Corretora.

O armistício entre as maiores companhias do país só deve ser quebrado no ano que vem ou no próximo. Os especialistas esperam uma desaceleração no crescimento do mercado doméstico nesse período. Se, neste ano, o volume de passageiros das rotas domésticas pode crescer 30,6%, de acordo com a consultoria Lafis, a taxa para 2011 e 2012 pode recuar para 7,3% e 7,1%, respecitvamente. "Aí sim haverá uma forte disputa de preço, tanto das grandes quanto das médias e pequenas companhias aéreas", afirma Jonas Manabu Okawara, analista setorial da Lafis.
 

Acompanhe tudo sobre:Aviaçãocompanhias-aereasConcorrênciaEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasGol Linhas AéreasServiçosSetor de transporteTAM

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU