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Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 15h32.
Brasília - O representante da companhia aérea Gol, Alberto Fajerman, disse hoje (11) que foi “dolorosa”, mas necessária a dispensa dos 850 funcionários da extinta Webjet, devido ao setor de aviação civil enfrentar um momento difícil por causa de mudanças na economia como o aumento do dólar e de combustíveis.
Ele justificou que, quando a empresa apresentou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a fusão da Gol com a Webjet, em 2011, a intenção era manter esses funcionários e adequá-los em aviões mais modernos.
Ele participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para debater a fusão das duas companhias aéreas e suas consequências. Ainda sobre o aumento dos custos da empresa, o assessor da presidência da Gol reconheceu que não há como crescer sem aumento de custos.
Ele frisou que somente o preço do combustível representa 45% do custo de uma passagem aérea uma vez que o valor está atrelado à variação do dólar.
Fajerman reconheceu que as promoções de bilhetes publicadas no site da Gol funciona como um chamariz para o cliente. “Quando rapidamente o número dos assentos [incluídos na promoção] é atingido nós paramos [de vender]”.
A representante do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) Graziella Baggio qualificou o processo de compra da Webjet pela Gol de um “escândalo”. Segundo ela, ao contrário do que prometeu ao Cade, a empresa reduziu o número de voos e demitiu os funcionários da Webjet. “Isso é um escândalo. Grandes empresas aéreas adquirem outras de médio porte com pretexto de expansão de oferta de voos.”
Ela acrescentou que a autorização do Cade para a aquisição, mesmo que com restrições, representou um “cheque em branco” para a concorrente demitir os funcionários da Webjet e aumentar os preços das tarifas cobradas ao consumidor. Graziella disse ainda que o setor já soma 6 mil demissões de aeronautas.
A representante do SNA ressaltou que as presidências da TAM e da Gol já anunciaram reduções em 2013 da malha aeroviária em 6% e 7%, respectivamente. “É inaceitável como esta situação vem ocorrendo.”
Já o representante do Ministério do Trabalho e do Emprego, que tentou uma conciliação entre as partes, Eudes Carneiro destacou que o objetivo era encontrar alguma opção como concessão de férias coletivas ou redução de jornada com diminuição de salários. “A tentativa de acordo não prosperou”, acrescentou ele.
Eudes Carneiro disse que o ministério vê com preocupação as demissões que ocorrem não só na aviação civil, mas também em setores como o de calçados e o bancário.
“Agora, com uma possível fusão da Trip com a Azul, queremos começar as negociações antes de sua conclusão para evitar que se repita o que aconteceu entre a Gol e a Webjet”, destacou.
O conselheiro do Cade Ricardo Machado Ruiz disse que essa compra não é um fato isolado no setor. “Estamos vendo isso nos últimos anos e estaremos vendo nos próximos.”
*Texto atualizado às 20h34