Rede Globo: propina teria sido paga a um executivo da Fifa (Globo/Divulgação)
Reuters
Publicado em 16 de novembro de 2017 às 07h40.
Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 16h23.
Nova York - Uma testemunha da acusação no julgamento por corrupção de três ex-dirigentes do futebol testemunhou nesta quarta-feira que o mexicano Grupo Televisa e a brasileira Globo participaram de uma propina de 15 milhões de dólares para um executivo da Fifa para assegurar direitos midiáticos para as edições de 2026 e 2030 da Copa do Mundo.
Alejandro Burzaco, ex-chefe da companhia de marketing esportivo Torneos y Competencias, testemunhou por um segundo dia em um tribunal dos Estados Unidos, acrescentando detalhes ao testemunho de terça-feira de que Televisa, Globo e Fox Sports estavam envolvidas nas propinas.
No primeiro julgamento em uma investigação dos EUA sobre subornos envolvendo a Fifa, Burzaco disse a membros do júri em tribunal federal no Brooklyn nesta quarta-feira que a Torneos, Televisa e Globo pagaram propina para Julio Humberto Grondona, um executivo da Fifa que morreu em 2014.
Burzaco disse que a Torneos e a Fox Sports, uma unidade da Twenty-First Century Fox, eram parceiras em uma venture de marketing esportivo, a T&T Sports Marketing Ltd.
A porta-voz da Fox Sports Terri Hines disse na terça-feira que a parceria da T&T era com uma afiliada da Fox Sports, a Fox Pan American Sports, que era de propriedade majoritária de uma empresa de private equity, e que a Fox Sports não possuía "controle operacional" sobre a T&T.
"Quaisquer sugestões de que a Fox Sports sabia ou aprovava quaisquer propinas são enfaticamente falsas", disse.
A Globo informou na terça-feira que "não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina" e que irá cooperar com autoridades dos EUA.
A Televisa se negou a comentar na terça-feira e não pôde ser contatada imediatamente nesta quarta-feira.As três companhias midiáticas não foram acusadas no caso nos EUA.
O testemunho de Burzaco descreveu propinas para dirigentes em troca de direitos midiáticos no futebol internacional, incluindo pagamentos regulares chegando até a dezenas de milhões de dólares para direitos da Copa América e Copa Libertadores.
Jorge Delhon, um advogado argentino que trabalhava para o programa de TV estatal Futebol para Todos, cometeu suicídio na noite de terça-feira, horas após Burzaco testemunhar que Delhon recebeu propinas, segundo a polícia argentina.
Os três ex-dirigentes em julgamento nos EUA são Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e da federação do Paraguai; Manuel Burga, ex-presidente da federação peruana; e José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
Burzaco testemunhou que estava envolvido no pagamento de propinas para todos os três. Em declarações de abertura na segunda-feira, os advogados dos ex-dirigentes negaram recebimento de propinas.