Petrobras: desistência foi anunciada pela companhia em janeiro (Yasuyoshi Chiba/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2015 às 17h10.
Brasília - O gerente-executivo de programas de investimento da área de Abastecimento da Petrobras, Wilson Guilherme Ramalho da Silva, disse nesta quarta-feira, 18, "sentir pesar" pelo cancelamento da construção das refinarias Premium I (no Maranhão) e Premium II (no Ceará).
A desistência foi anunciada pela companhia em janeiro.
Em apresentação na Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha os impactos dessa decisão da Petrobras, Silva afirmou que a ideia para a construção das refinarias começou ainda em 2006 e o desenvolvimento do projeto foi aprovado em junho de 2007.
"No começo se configurava como apenas uma refinaria. Mas em junho de 2008 se decidiu pela construção de um segundo empreendimento. Posteriormente, os projetos de ambas as refinarias ganharam novos trens de refino com o objetivo de haver ganhos de escala com a maior capacidade", completou.
Mas, segundo o gerente-executivo, houve duas restrições para que os projetos seguissem adiante. "Primeiramente as condições de financiamento da companhia e, em segundo lugar, a obtenção de um parceiro para os projetos", admitiu. Ele explicou que o chamado Plano de Preservação do Caixa aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras no ano passado culminou com o cancelamento dos projetos em janeiro deste ano.
"Tecnicamente o projeto estava enxuto e bem resolvido comparado com os parâmetros internacionais, mas as análises econômicas do projeto não confirmaram sua viabilidade", acrescentou. "A realidade no decorrer do período foi distinta do cenário projetado em 2006, quando o empreendimento foi idealizado", argumentou.
Silva apresentou as licenças obtidas pela Petrobras durante o processo de início das obras básicas prévias à instalação das refinarias, como terraplenagem e supressão da vegetação, bem como os acessos aos locais escolhidos para empreendimentos. Segundo ele, a solicitação para a Autorização de Construção junto à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estava prevista para dezembro de 2015.
Na semana passada, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, havia revelado em audiência pública na mesma comissão da Câmara dos Deputados que a Petrobras não chegou a solicitar nenhuma autorização junto ao órgão para construir as refinarias.
Na ocasião, ela alertou que se os investimentos em refino no País não forem retomados, o Brasil se tornará cada vez mais dependente da importação de combustíveis.
Para Silva, o aumento da demanda brasileira por combustíveis nos próximos anos pode ser compensado pelo aumento das capacidades de refino projetadas pela Petrobras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e na Refinaria de Abreu e Lima (Rnest).
"Quanto às duas refinarias premium, os próximos passos serão devolver os terrenos para os governos estaduais e tomar todas as medidas para encerrar os projetos. Mas isso não significa que tenhamos encerrado os investimentos em refino no Brasil. A Petrobras continuará avaliando oportunidades no setor", concluiu o gerente.