O anúncio da Gerdau acontece em um momento de retomada nos investimentos em siderurgia no país (Mirian Frechtner/Exame)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2011 às 14h03.
Pindamonhangaba - A Gerdau iniciou nesta terça-feira pacote de investimentos de 718 milhões de reais no Estado de São Paulo para ampliar sua capacidade de produção de aço para os setores automotivo e de construção civil, apostando nos mercados interno e externo.
A companhia vai instalar um novo laminador de aços especiais em sua antiga usina de Pindamonhangaba, uma de três unidades da empresa produtoras do insumo para o setor automotivo no Estado paulista.
A Gerdau, maior produtora de aços longos das Américas, também vai construir na cidade uma nova fábrica de produtos prontos para uso na construção civil.
O investimento será de 645 milhões de reais, sendo 327 milhões para o laminador e 318 milhões para a fábrica de materiais para construção civil. Outros 73 milhões de reais serão aplicados em melhorias no laminador na usina de Araçariguama (SP).
Apesar de sinais recentes de desaceleração no setor imobiliário e na indústria automotiva, o presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, afirmou que o mercado de aço brasileiro segue tendência positiva no longo prazo, diante da realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, Ele citou ainda o programa habitacional do governo "Minha Casa, Minha Vida" e obras vinculadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A visão do executivo se mantém, embora uma série de obras para a realização dos eventos esportivos, como estádios e ampliações de aeroportos, estejam atrasadas.
"Nossos investimentos são de muito longo prazo. Uma queda num trimestre ou dois não muda os planos, são oscilações da economia. A tendência segue positiva", disse o executivo a jornalistas. "As obras vão acontecer, elas têm que acontecer, e a demanda vai aparecer." Segundo ele, a utilização da capacidade do complexo produtivo em Pindamonhangaba está em cerca de 80 por cento tanto para a área de produtos longos (voltados à construção civil), quanto na de aços especiais, para a cadeia de produção de autopeças.
Com a expansão, a capacidade de aços especiais na unidade vai pular de 700 mil para 1,2 milhão de toneladas por ano em 2012, quando a instalação dos equipamentos estiver concluída.
O complexo da Gerdau em Pindamonhangaba remonta da década dos anos 1980 e as novas máquinas devem gerar economias de custos para a produção, disse Gerdau.
No primeiro trimestre, a área de aços especiais da Gerdau registrou alta de 22 por cento na receita, sendo responsável por 15 por cento do volume total do grupo de 4,71 milhões de toneladas de aço.
O anúncio da Gerdau acontece em um momento de retomada nos investimentos em siderurgia no país.
A Usiminas inaugurou há uma semana e meia uma segunda linha de produção de aço galvanizado em Minas Gerais, em um investimento de 914 milhões de reais também voltado ao setor automotivo.
Em meados do ano passado, a Companhia Siderúrgica do Atlântico, uma parceria da ThyssenKrupp com a Vale, começou a operar comercialmente, produzindo chapas de aço para exportação.
O investimento da Gerdau em Pindamonhangaba faz parte de um pacote de 1,3 bilhão de reais que a Gerdau reservou para aumento de capacidade no Brasil e nos Estados Unidos.
Sobre a situação na América do Norte, o presidente da siderúrgica comentou que a economia segue apresentando melhora.
Preços e mineração
O executivo afirmou que a Gerdau segue reduzindo os descontos nos preços de aço que vinha oferecendo no final de 2010 em meio ao forte fluxo de importações que obrigou outras companhias do setor a achatarem margens de lucro.
Quando perguntado sobre os próximos meses, o executivo comentou apenas que "a tendência (para os preços) é de estabilidade".
A Gerdau segue com os planos para extrair mais valor de suas operações de mineração, mas o presidente do grupo evitou dar detalhes, comentando apenas que os estudos em torno de atração de parceiros ou uma eventual oferta de ações da unidade ficarão prontos no final do ano.