Floresta de eucaliptos: diferença entre o que já é investido na natureza e a meta para 2050 é de 4,1 trilhões de dólares (Martin Ruegner/Getty Images)
Até 2050, é preciso investir 8,1 trilhões de dólares na natureza para enfrentar com sucesso as atuais crises de biodiversidade, de degradação do solo e do clima pelo mundo. As informações são do relatório State of Finance for Nature, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com o Fórum Econômico Mundial e com a Iniciativa da Economia de Degradação da Terra e publicado no final de maio.
Isso significa que os gastos com soluções baseadas no meio ambiente, que giram em torno dos 133 bilhões de dólares anuais, precisam ser triplicados até a próxima década e quadruplicados em trinta anos. A diferença entre o que já é investido na natureza e a meta para 2050 é de 4,1 trilhões de dólares.
O levantamento indica que, para que se alcance o objetivo, é preciso realizar uma série de transformações estruturais nos próximos anos. Alguns exemplos dessas mudanças são o reaproveitamento de produtos agrícolas e fósseis considerados danosos ao meio ambiente e, é claro, a criação de novos incentivos econômicos e regulatórios que possam atrair investimentos na natureza.
Atualmente, apenas 2,5% dos gastos fiscais das 50 maiores economias do mundo são direcionados a iniciativas verdes, de acordo com um estudo da Universidade de Oxford em conjunto com o PNUMA.
É certo que a quantidade de recursos necessária para virar o jogo não é pequena: apenas os gastos com soluções ligadas à administração, conservação e restauração de florestas requer mais de 200 bilhões de dólares, segundo o documento.
Mas a recompensa é grande: em contrapartida, a área de florestas e de produções agroflorestais poderia crescer em 300 milhões de hectares até 2050 (o equivalente a dez vezes o estado do Rio Grande do Sul).
Mais do que melhorar a qualidade da vida humana e ajudar a manter o equilíbrio natural do planeta, aplicar recursos financeiros no meio ambiente pode ajudar a criar empregos e trazer outros grandes retornos econômicos. “A perda de biodiversidade já está custando à economia global 10% de sua produção anualmente”, afirma Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
No relatório, ela pede aos governos que, após a pandemia da covid-19, evitem se reconstruir exatamente como eram antes da crise de saúde pública, mirando em uma restauração melhor e mais verde.
Assim, os autores do levantamento apelam não só ao setor público, mas também a negócios e instituições financeiras para colocar a natureza no centro das decisões econômicas. O investimento privado no meio ambiente é um ponto importantíssimo para a busca da meta de 8,1 trilhões de dólares de investimento até 2050.
Segundo o relatório, a aplicação desses recursos precisa ser muito maior do que a atual (hoje, o financiamento privado representa apenas 14% do aplicado nas áreas de agricultura, florestamento e biodiversidade) para que o abismo entre o investimento necessário e o atual seja fechado.