Gafisa: a companhia encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de 55,5 milhões de reais, um aumento de 76 % no resultado negativo de 31,5 milhões de reais sofrido um ano antes (Germano Lüders/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 17h27.
São Paulo - O número de distratos em contratos da incorporadora Gafisa ainda deve ser relevante no segundo trimestre, mas em volume menor que o registrado nos três primeiros meses de 2013, afirmou o presidente da companhia, Alceu Duílio Calciolari, em teleconferência com analistas, nesta segunda-feira.
No primeiro trimestre, os cancelamentos de compras de imóveis da companhia avançaram sobre os três últimos meses de 2012, puxados pelo segmento Gafisa, cujos distratos quase dobraram, passando de 101 milhões para 191,6 milhões de reais.
Segundo Calciolari, o crescimento nos cancelamentos ocorreu diante do aumento do volume de entregas de unidades no segundo semestre do ano passado, parte do esforço da companhia em focar em rentabilidade.
"Naturalmente uma parte desses clientes não conseguiu financiamento", disse o executivo, acrescentando que não está havendo distratos na revenda dos imóveis. Apesar disso, em algumas regiões fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, a companhia está tendo que trabalhar com descontos em relação aos preços originais de venda das unidades.
Apesar disso, a expectativa da companhia é que os distratos mantenham um padrão de cerca de 10 % da venda contratada bruta nos próximos trimestres.
A companhia encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido de 55,5 milhões de reais, um aumento de 76 % no resultado negativo de 31,5 milhões de reais sofrido um ano antes.
A margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada terminou o período em 10 %, ante 12 % no primeiro trimestre de 2012 e 4 % no quarto trimestre.
Às 14h35, as ações da Gafisa exibiam queda de 4,5 %, enquanto o Ibovespa tinha desvalorização de 0,65 %.
Para analistas do Credit Suisse, os resultados da Gafisa de janeiro a março mostraram um fraco conjunto de números, "indicando que o processo de recuperação da companhia está levando mais tempo para impactar a lucratividade".
Calciolari afirmou que a Gafisa mantém sua previsão de encerrar 2013 com margem Ebitda ajustada entre 12 e 14 %. "Não vejo nenhuma razão para não entregarmos o que foi prometido", disse o executivo.
Sobre planos da Gafisa para uma eventual abertura de capital via oferta inicial de ações da unidade de alta renda Alphaville, o executivo afirmou que espera que a companhia tome uma decisão ainda neste ano.
A Alphaville entrou com pedido de registro de companhia aberta junto à Comissão de Valores Mobiliários no final de março . A Gafisa tem estudado "opções estratégicas" para a Alphaville, empresa voltada ao desenvolvimento de condomínios urbanos de alto padrão, desde setembro, quando informou que além de um IPO avaliava também venda de participação na unidade.
"Todas as opções estão em aberto (...) Não temos pressa para tomar decisão, a companhia está em uma situação que permite tomar a melhor decisão sob o aspecto de geração de valor para o acionista. Acho que esse ano a gente resolve este assunto."
Relatórios de analistas nesta segunda-feira apontaram para a Alphaville como principal motivador para as ações da Gafisa, uma vez que a unidade é considerada como o melhor ativo da companhia.
"Acreditamos que a Gafisa ainda precisa provar que será capaz de provar que pode gerar um retorno mínimo para os acionistas, com ou sem Alphaville", afirmaram analistas do Espírito Santo Investment Bank, em relatório.
"Uma possível venda vai desalavancar a Gafisa e reduzir despesas financeiras, que representaram 8,3 % da receita líquida no primeiro trimestre. Mas a empresa ainda tem que provar que pode melhorar suas operações."