Odebrecht: negócio com a estatal não sofre restrições porque a empreiteira não foi considerada inidônea pelas autoridades (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 26 de março de 2018 às 18h09.
Última atualização em 26 de março de 2018 às 19h52.
São Paulo - A estatal Furnas, subsidiária da Eletrobras, assinou um contrato de 578,67 milhões de reais com empresas do grupo Odebrecht para o aumento da capacidade da termelétrica Santa Cruz, no Rio de Janeiro, segundo informações da empresa e do Diário Oficial da União desta segunda-feira.
O negócio, conquistado em licitação, vem no momento em que a Odebrecht é pressionada por credores em meio a dificuldades financeiras iniciadas após um enorme escândalo de corrupção que atingiu a companhia, depois de investigações da chamada Operação Lava Jato no Brasil.
Segundo Furnas, a Odebrecht Engenharia e Construção Internacional e sua subsidiária CBPO Engenharia formam o consórcio contratado para a obra na usina de Santa Cruz, que envolverá a implantação de ciclo combinado na unidade. A assinatura do contrato aconteceu em 19 de março.
O negócio com a estatal não sofre restrições porque a Odebrecht não foi considerada inidônea pelas autoridades brasileiras, o que vedaria sua contratação por agentes públicos, informou a empreiteira à Reuters.
Furnas disse que a contratação envolveu uma concorrência e que as empresas da Odebrecht apresentaram o menor preço, com uma proposta "7 por cento abaixo do valor orçado e atualizado", segundo nota da companhia.
A UTE Santa Cruz opera atualmente com 350 megawatts em capacidade, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O fechamento do chamado ciclo combinado na usina deve garantir uma potência final de pelo menos 507 megawatts líquidos, segundo documentos da licitação.
Segundo o Diário Oficial, o contrato com o consórcio da Odebrecht terá prazo de 58 meses e em regime de empreitada integral, o que significa que a empresa ficará responsável por serviços de engenharia, obras civis, fornecimento de materiais, montagem eletromecânica e comissionamento da unidade, entre outras atividades.
A operação do chamado ciclo combinado na termelétrica Santa Cruz foi permitida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2002, com previsão de operação a partir de 2006.
Depois, Furnas ganhou prazo até o fim de 2014 para entregar as obras, mas o cronograma ainda assim não foi cumprido. O atraso do empreendimento levou a Aneel a multar a empresa em quase 995 mil reais em 2015, infração já paga pela estatal.