Trabalhadores do Comperj fazem manifestação em frente à sede da Petrobras (Tânia Rego/ABr)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2015 às 16h31.
Rio de Janeiro - A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa 12 sindicatos de funcionários da Petrobras, está estudando a realização de uma greve por tempo indeterminado em setembro, caso as demandas por trás da greve de 24 horas de sexta-feira não sejam atendidas, afirmou à Reuters um membro sênior da organização, nesta quinta-feira.
A FUP e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que representa outros cinco sindicatos, estão protestando contra os planos da Petrobras de vender 15,1 bilhões de dólares em ativos até o fim de 2016. A Petrobras quer reduzir sua dúvida, a maior detida por uma petroleira no mundo, de cerca de 120 bilhões de dólares.
Além de buscar maior liberdade para investimentos, a petroleira brasileira luta para reconquistar a confiança de investidores, depois de ser envolvida em escândalo de corrupção.
A FUP também se coloca contra um projeto no Senado Federal que desobriga a Petrobras de ter que operar todos as áreas do pré-sal que forem leiloadas, que também acaba com a exigência de que a petroleira tenha participação mínima de 30 por cento em qualquer grupo que ganhe diretos de exploração e produção nas áreas.
"Se as nossas exigências não forem atendidas, nós estamos prontos para um ataque aberto em setembro", disse Simão Zanardi, integrante da diretoria nacional da FUP, a maior federação sindical do setor. "Nós não vamos deixá-los vender o que pertence a todos os brasileiros."
A FUP, ligada ao PT, opõe-se a qualquer envolvimento não-governamental na Petrobras e quer que a empresa seja totalmente nacionalizada.
Enquanto a maioria das greves da Petrobras tiveram pouco ou nenhum impacto na produção, a FUP quer reviver o espírito de uma greve de 31 dias em 1995. O movimento terminou após ameaças de demissões em massa por parte do governo, mas Zanardi acredita que ajudou a evitar uma privatização da Petrobras, em 1997, quando foi derrubado o seu monopólio sobre a exploração, produção e refino no Brasil.
Segundo a legislação brasileira, os sindicatos devem cooperar na segurança de operações ou no encerramento de instalações de risco. A greve de 24 horas vai manter muitos membros dos sindicatos no trabalho. Funcionários da Petrobras disseram que seria necessária uma greve de cinco a dez dias para começar a ter algum impacto significativo sobre a produção de petróleo ou combustível.
Enquanto a Petrobras permanece controlada pelo Estado, muitas das suas ações são de propriedade de investidores não-governamentais. É uma das maiores empresas das que não são norte-americanas na bolsa de New York.
"A empresa não deve ser usada para garantir os lucros dos investidores", disse a FUP em comunicado na quinta-feira. "Deve ser uma mola para impulsionar o desenvolvimento social e econômico do Brasil."
A Petrobras não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.