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Fundos pressionam direção da Brasil Foods por resultados

Os fundos de investimento, principais acionistas da BRF, avaliam que a empresa deveria utilizar mais o poder de fogo conquistado com a fusão entre Perdigão e Sadia


	“A BRF tem potencial para ser a Ambev dos alimentos”, diz uma fonte ligada a um dos fundos
 (Germano Lüders/EXAME.com)

“A BRF tem potencial para ser a Ambev dos alimentos”, diz uma fonte ligada a um dos fundos (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 15h21.

São Paulo e Rio - A articulação para a entrada de Abilio Diniz na presidência do conselho da Brasil Foods ocorre no momento em que a atual gestão da empresa vem sendo pressionada pelos acionistas a ser mais agressiva.

Um dos principais pontos de discordância está na política de preços. Os fundos de investimento, principais acionistas da BRF, avaliam que a empresa deveria utilizar mais o poder de fogo conquistado com a fusão entre Perdigão e Sadia.

“A BRF tem potencial para ser a Ambev dos alimentos”, diz uma fonte ligada a um dos fundos. Os maiores acionistas da Brasil Foods são os fundos de pensão estatais Previ (12% das ações) e Petros (10%), além do fundo privado Tarpon (8%).

Apesar do valor de mercado da BRF ter dobrado desde 2009, quando a fusão foi anunciada, os fundos estão descontentes com a estratégia adotada pela empresa.

O ano de 2012 não foi fácil para a BRF. A receita líquida da empresa atingiu R$ 20,4 bilhões no acumulado de janeiro a setembro, alta de 9,5% em relação ao ano anterior, mas o lucro líquido ficou em R$ 250,5 milhões, uma queda de 80%.

A BRF foi prejudicada pelo aumento de custos provocado pela alta no preço dos grãos, pelas despesas envolvidas na venda dos ativos e marcas imposta pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela desaceleração das exportações.

Segundo uma fonte da atual administração, a empresa promoveu um reajuste de 10%, em média, dos preços, mas só a partir do terceiro trimestre de 2012. Antes disso, a BRF estava envolvida com a entrega de fábricas e marcas que foram vendidas ao frigorífico Marfrig.

“Tínhamos o compromisso com o Cade de entregar uma determinada participação de mercado, e elevar os preços poderia alterar isso. A empresa estava toda voltada para essa operação.”


A gestão discorda dos fundos e diz que “a comparação com a Ambev não faz sentido”, porque o consumidor reage mais ao reajuste de alimentos do que de bebidas, e troca facilmente um produto por outro mais barato. Para uma fonte dos fundos, “a empresa tem justificativa para tudo, mas não é essa a questão. Os resultados da fusão estão abaixo do esperado”.

Na visão dos analistas, o ano de 2012 não foi mesmo dos melhores, mas também não foi catastrófico. “O problema é que o mercado estava acostumado com crescimento de dois dígitos”, diz Sandra Peres, da Coinvalores. “É normal os acionistas questionarem a diretoria em um ano difícil. Mas parte dos motivos que levaram a isso estão fora do controle da companhia”, diz Gabriel Vaz de Lima, do Barclays.

Para um acionista da BRF, o ciclo de Nildemar Secches - presidente do conselho de administração, que liderou o crescimento da Perdigão e a fusão com a Sadia - chegou ao fim. “Ele hoje tem se dedicado aos diversos conselhos em que atua e está caminhando para se tornar um conselheiro profissional.”

Se a troca de Nildemar por Abilio realmente ocorrer na próxima reunião do conselho no dia 9 de abril, pode significar mudanças importantes na gestão da BRF. O presidente executivo, José Antonio do Prado Fay, e sete dos oito vice-presidentes são fortemente ligados a Nildemar.

Segundo uma fonte de um fundo de investimento, se assumir o cargo, Abilio terá menos poder do que exercia no Pão de Açúcar, do qual era controlador. O presidente do conselho da BRF, no entanto, costuma influenciar na escolha do presidente executivo. Procurados, BRF, Previ e Tarpon não se manifestaram. 

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