Nils Robert Persson, da Vermiculus, e Pedro Meduna, L4 Venture Builder: investimento aumenta relação entre B3 e startup sueca (L4 Venture Builder/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de março de 2023 às 09h00.
Última atualização em 14 de março de 2023 às 12h21.
O L4 Venture Builder, fundo lançado pela B3 em meados do ano passado, está anunciando o investimento de 5,5 milhões de dólares (cerca de 30 milhões de reais) na Vermiculus. A startup sueca desenvolve tecnologia para bolsas de valores, câmaras de compensação e liquidação (Clearing) e centrais depositárias.
O valor garante uma participação minoritária no negócio e um assento de observador no conselho da empresa. O L4 não abriu o percentual que terá da operação.
Lançada em 2020 e com sede em Estocolmo, capital da Suécia, a startup foi criada por ex-profissionais que ocuparam a liderança da Cinnober Financial Technology. A empresa comandou o desenvolvimento da área de Clearing, sistema responsável pela liquidação e registro dos títulos da B3 - à época, ainda BM&FBovespa.
O contato com os executivos europeus foi retomado nos últimos anos, e a B3 anunciou recentemente a startup como parceira para desenvolver a nova central depositária, 100% em nuvem. O espaço é onde ficam registrados todos os ativos negociados e as informações sobre a titularidade.
Inclui dados, por exemplo, sobre:
Em meio às conversas e negociações, a Vermiculus foi apresentada a Pedro Meduna, co-fundador da L4 e líder da operação. “Fui para Estocolmo, conheci os desenvolvedores e fiquei apaixonado pela tese. Não é todo dia que uma empresa brasileira investe em uma empresa sueca”, afirma.
De acordo com o executivo, a startup tem o potencial de entregar um alto crescimento, umas das premissas de investimentos do fundo.
A divulgação acontece dias após o aval da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para a atuação do fundo.
O órgão governamental tinha que aprovar a constituição do veículo de investimento de forma independente, o que permite movimentações sem a necessidade de pedidos de autorização.
A L4 foi criada para fomentar a inovação em áreas adjacentes e concorrenciais ao negócio da B3. De início, conta com R$ 600 milhões em recursos que devem ser usados ao longo dos próximos dos cincos anos, contados a partir da aprovação da CVM.
O anúncio de hoje é o terceiro desde o início do ano. Antes, tinha comunicado a participação em rodadas de investimentos da fintech de cripto Parfin e na israelense Bridgewise, startup que usa inteligência artificial para analisar empresas de capital aberto em todo o mundo.
Como não tinha autorização formal para atuar, assinava um termo de compromisso com as empresas. Agora, chegou o momento dos desembolsos.
“Nós vamos estar muito ativos buscando oportunidades”, afirma Meduna. O executivo prevê novos aportes ao longo do ano, mas "sem pressa".
O fundo não tem uma meta anual de investimentos, a única condição hoje é de que precisa utilizar os 600 milhões ao longo de cinco anos.
Com o mercado em baixa, a L4 acredita que pode encontrar boas empresas para fazer negócios. "A gente está lançando o fundo quando tem menos investimentos [na indústria] e você consegue negociar melhores termos, conversar com os fundadores e negociar os melhores contratos", diz o executivo, com passagens por empresas como Cabify e Juntos Somos Mais.