Netflix: Entre as estreias de setembro, está a 3ª temporada de “As Telefonistas”, série espanhola da Netflix. (Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Mariana Desidério
Publicado em 11 de agosto de 2018 às 07h00.
Última atualização em 20 de agosto de 2018 às 07h48.
São Paulo – O mercado de filmes via streaming se agigantou nas últimas décadas, e a empresa que mais ganhou com isso com certeza foi a Netflix. Fundada na década de 1990 como locadora que entregava filmes em casa, a companhia hoje vale cerca de 150 bilhões de dólares.
Mas o futuro do entretenimento na internet pode estar em outro grande do setor: o YouTube. Quem diz isso é Mitch Lowe, um dos fundadores da Netflix e atualmente CEO da startup MoviePass.
Em entrevista exclusiva, Lowe traçou o cenário que considera mais provável para o futuro da companhia que ele ajudou a criar e de todo o mercado de entretenimento na internet. Ele falou a EXAME durante o evento Zendesk Presents: O Futuro da Experiência ao Cliente", realizado em São Paulo.
“As pessoas têm cada vez menos espaço de atenção, é difícil se concentrar em um filme de duas horas. Ao mesmo tempo, elas querem que os personagens se desenvolvam. É por isso que vamos ter produtos com episódios cada vez mais curtos. O sucesso de vídeos no YouTube mostra que as pessoas na verdade querem episódios de 10, 20 ou 30 minutos que você possa juntar”, afirma.
Além disso, Lowe enxerga maior segmentação no setor. Enquanto a Netflix busca oferecer de tudo para agradar a um público amplo, muitos serviços têm surgido com uma proposta mais direcionada, o que também é uma tendência desse mercado.
“Todo dia uma nova empresa chega e se foca num segmento de streaming. Eu, por exemplo, assino um serviço que oferece só filmes de suspense europeus. As pessoas estão percebendo que às vezes é difícil encontrar o que elas gostam em serviços que têm de tudo. A Netflix tem essa filosofia de fazer tantas coisas boas que você vai encontrar algo de que goste”, afirma.
Lowe também aposta que as pessoas vão querer ver mais filmes fora de casa. Ele deixou a Netflix pouco depois que a empresa abriu capital e hoje está à frente do MoviePass, um serviço de assinatura para quem quer ir ao cinema.
A empresa ainda precisa mostrar a que veio. Recentemente o negócio teve de pedir 5 milhões de dólares emprestados para colocar seu aplicativo de volta ao ar – derrubado por, possivelmente, falta de dinheiro para sustentar as idas de seus usuários aos cinemas. Mas não é de se ignorar que, com nove meses no mercado, ela tenha 3 milhões de assinantes nos Estados Unidos e uma taxa de cancelamento de 1% ao mês.
A aposta de Lowe é que as pessoas, em especial os mais jovens, estão um tanto cansadas de ficar em casa. “Nos últimos 30 anos, minha carreira foi vender formas de as pessoas ficarem em casa nos seus sofás. O que tenho visto é que elas agora querem sair e ver os amigos. Assistir a um filme com 50 pessoas ao seu redor é uma experiência totalmente diferente de ver uma comédia no seu iPhone”. Mais um concorrente para a Netflix.