BRF: "Nossa grande preocupação é que este mês começam as negociações coletivas de trabalho e se empresa se posicionou assim sobre a PLR pode querer fazer o mesmo nas negociações coletivas" (foto/Divulgação)
Reuters
Publicado em 6 de março de 2017 às 17h14.
Última atualização em 6 de março de 2017 às 18h15.
São Paulo - Representantes de trabalhadores da BRF estão se mobilizando de olho nas negociações salariais previstas para começar este mês após a companhia de alimentos anunciar prejuízo de 372 milhões de reais em 2016.
Diante da perda, a empresa comunicou a funcionários que não haverá distribuição de recursos relacionados à participação de lucros e resultados (PLR) do período nas unidades que têm esse benefício.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), Artur Bueno de Camargo, destacou que em todo o ano de 2016 a empresa sinalizou aos funcionários que eles estavam atingindo os patamares de produção e qualidade que compõem a PLR.
"Nossa grande preocupação é que este mês começam as negociações coletivas de trabalho e se empresa se posicionou assim sobre a PLR pode querer fazer o mesmo nas negociações coletivas", afirmou à Reuters.
Em nota, a BRF afirmou que as regras de pagamento da PLR são transparentes e amplamente divulgadas para todos os colaboradores da companhia e que o não pagamento do benefício considera o resultado aferido no exercício de 2016, divulgado aos funcionários e ao mercado em 23 de fevereiro.
Segundo a BRF, a companhia sempre trabalha para obtenção de resultados que possibilitem o pagamento de PLR, resultados esses que não foram atingidos no ano passado.
"O cenário brasileiro e os desafios de pressão de custos são de conhecimento amplo dos colaboradores e as razões fundamentais para o não pagamento do PLR"
A CNTA Afins realizará na quarta-feira em São Paulo encontro nacional com representantes de sindicatos e federações para discutir o assunto e apresentar uma pauta unificada.
"Queremos fazer essa discussão na quarta-feira, obter um posicionamento e começar a mobilizar os trabalhadores para uma ação nacional", disse Camargo, que não descarta a possibilidade de paralisações.
A BRF reiterou na nota que sempre esteve e está disposta a dialogar com os sindicatos e entidades representativas na busca do que seja melhor para seus colaboradores, dentro das regras existentes e das possibilidades econômicas.
Na teleconferência sobre os números de 2016, executivos da empresa afirmaram que a BRF está ajustando seu modelo de gestão a fim de corrigir erros e lidar com dificuldades que pressionaram os resultados da companhia.